Pesquisar
Loading...

Ansiedade e intestino: a influência da saúde mental na saúde do corpo

Entenda a conexão vital entre ansiedade e intestino, explorando como a saúde digestiva influencia diretamente nossa saúde mental.

Atualizado em

Por anos, tenho explorado incansavelmente a complexa relação entre ansiedade e intestino, uma jornada profundamente pessoal moldada por minha própria experiência com transtornos mentais. 

Desde a infância, lidei com o fardo da ansiedade e do pânico, enfrentando desafios que muitos não conseguem compreender totalmente. No entanto, foi somente após uma longa jornada que comecei a desvendar os vínculos entre minha saúde mental e o estado do meu intestino. 

Tudo começou aos cinco anos

Com cinco anos de idade, eu já tinha TOC – transtorno obsessivo-compulsivo. A ansiedade patológica impede de viver, de ter vida social. Você apenas sobrevive a tanto sofrimento que trava a ação e a respiração, traz dor física e muita angústia. 

Só quem tem, sabe o horror que é. No meu caso, não existia nenhum motivo aparente: eu era uma criança feliz, cheia de energia, esportista, inteligente, tinha muitos amigos e ia muito bem na escola. 

Com 12 anos, as crises de pânico começaram a se intensificar sempre após crises de enxaqueca. Eram semanas de horror. Há 20 anos que a ansiedade em mim está tratada, vigiada e controlada. 

Não digo que curada, pois tenho predisposição a ter depressão e ansiedade. Portanto, meu alarme vai estar sempre ligado para que ela nunca retorne. E sei que isso depende quase que totalmente de mim. 

Busca solitária

Confesso que o processo da busca pela cura sempre foi solitário. Pense em uma pessoa que já fez todos os tipos de tratamento com, por exemplo, tarjas pretas, terapias holísticas, espirituais, hipnoterapia, medicinas psicodélicas, naturopatia, homeopatia, terapia tradicional e exames de todos os tipos. 

Comecei a busca da cura ainda adolescente com um neurologista que me medicou e me encaminhou para um psiquiatra que também me medicou. Este me indicou um cardiologista que também me medicou. 

Como eu tinha muita arritmia e extra-sístoles no coração, o cardiologista dizia que eu poderia morrer cedo e a qualquer momento de tanto estresse coronário. O psiquiatra dizia que eu era muito sensível. O neurologista dizia que herdei a genética de minha mãe. 

Sim, sou muito sensível (PAS – pessoa altamente sensível), empata e herdei a genética de minha mãe (ela teve depressão, AVCs entre outros problemas. O olho azul não herdei, meus caros). 

Leia também:
+ 7 alimentos que podem aumentar a ansiedade
+ Como lidar com as emoções sem descontar na comida

Será que é algo que você come?

Porém, nunca investigaram ou questionaram a minha alimentação e a saúde do meu intestino. Quando minha mãe tinha 42 anos, ela sofreu três AVCs gravíssimos e teve muitas sequelas. Na porta da UTI, eu passando por uma crise grave de pânico, converso com o nosso neurologista que fez nela a cirurgia. 

Digo que não conseguia mais viver daquele jeito, estava no meu limite. Ele fez a pergunta que acendeu a lâmpada e mudou a minha vida: Será que algo que você come desencadeia a enxaqueca e então também as crises de pânico? 

Na hora pensei: mas eu sou vegetariana, sou saudável! Cheguei em casa e fui tomar o ansiolítico. Fiquei imaginando ele entrando no meu organismo, nas minhas células. Quando acalmei, fui jantar. 

E comecei a imaginar a comida passando pelo mesmo processo. E foi aí que a luz acendeu! Pensei: é esse o caminho. Eu nasci vegetariana numa família gaúcha de comedores de carne. Desde bebê e a introdução alimentar, nunca aceitei carne ou outros animais. Mas eu comia muito queijo, derivados de leite, pão, massas… glúten. 

Por falta de opção e informação, eu me alimentava muito mal, mas achando que estava comendo super bem e saudável. Mesmo hoje o tipo de alimentação que eu tinha na época é prescrita por muitos nutricionistas como saudável e até detox, e nunca questionada por médicos. 

Minha mãe nasceu no interior do Rio Grande do Sul alérgica a leite de vaca. A recomendação dos médicos da época era que ela fosse consumindo leite aos poucos diariamente até o corpo começar a tolerar.

No entanto, ela sofreu de enxaquecas graves sua vida toda, inchaços nas pernas, depressão e outros transtornos. Nunca seus problemas foram relacionados ao intestino.

Alimentação e saúde mental

Estudei de forma autodidata por anos, discuti com médicos, li centenas de estudos científicos, li todos os livros a que tinha acesso. 

Há 20 anos mudei minha alimentação: comecei a me alimentar exclusivamente do que vinha da terra e, assim, tornei minha alimentação plant-based livre de glúten

Minha vida mudou porque meu corpo e intestino desinflamados me faziam ter descargas de serotonina e eu sentia êxtases de felicidade e paz. Sentia uma calma e felicidade nunca sentidas. 

Minha mente começou a trabalhar como uma máquina, raciocínio rápido, memória ótima, sono bom, disposição como nunca tive. Em seguida passei para os cosméticos, afinal nos alimentamos através da pele também, e comecei a fazer meus próprios produtos com alimentos que eu transferia da cozinha para o banheiro.

A Relação entre Intestino e ansiedade

Faz 20 anos que não tenho enxaquecas, não fico gripada, não tenho mais problemas de garganta ou qualquer mal físico. Mas e a ansiedade? Ela já apareceu novamente, não como antigamente, mas ela me espreita.

Depois de conhecer médicos como a Dra. Elizete Kaffer e Dr. Victor Paviani, nos aprofundamos na saúde do meu intestino, ou seja, cuidando da microbiota, limpando meu corpo de metais pesados e entendendo a ancestralidade do meu DNA. 

Mesmo tendo feito exames antes, nunca tinha aparecido intolerância a glúten, mas eu sabia com efeitos devastadores evidentes, que se eu comesse trigo, no dia seguinte não levantaria da cama e ficaria mal por semanas. Um exame profundo e detalhado da microbiota intestinal identificou a intolerância.

Um exame profundo e detalhado da microbiota intestinal identificou a intolerância ao glúten. Então, apenas comprovou o que eu já sabia e estudava há anos. 

Intestino é o segundo cérebro?

Microbiota intestinal ou microbioma são os micro-organismos que vivem no trato digestivo de humanos e outros animais. Enquanto algumas bactérias estão associadas a doenças, outras são particularmente importantes para muitos aspectos da saúde. Na verdade, existem mais células bacterianas no corpo humano do que células humanas. 

Há aproximadamente 40 trilhões de células bacterianas em relação a apenas 30 trilhões de células humanas. Esses micróbios podem chegar a pesar tanto quanto o cérebro. O genoma coletivo do microbioma intestinal supera em mais de 100 vezes a quantidade de DNA humano no corpo. 

As bactérias intestinais têm sido associadas a várias doenças mentais, e descobriu-se que pacientes com vários distúrbios psiquiátricos, como, por exemplo, depressão, transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, esquizofrenia e autismo, apresentam alterações significativas na composição de seus micro-organismos intestinais. 

Estudos já demonstraram o papel determinante da microbiota intestinal na regulação da ansiedade, do humor, da cognição e da dor. Surge então o conceito de um eixo microbiota-intestino-cérebro. 

A modulação da microbiota intestinal pode ser uma estratégia eficaz para o desenvolvimento de novas terapias para distúrbios do sistema nervoso central.

Então sendo um pessoa passional ultra sensível, todo meu emocional intenso está sempre atacando meu intestino, desregulando a microbiota, me deixando vulnerável aos distúrbios mentais de transtornos. Esses transtornos mentais da ansiedade prejudicam a microbiota. 

Como lidar com a relação entre ansiedade e intestino?

Cuidando do seu ser por inteiro e integralmente. Quanto mais eu cuido da minha alimentação e hábitos de vida, mais eu dou suporte para meu corpo lidar com as situações adversas e, além disso, mais desinflamada fico, melhor meu intestino trabalha, mais serotonina produzo, mais feliz, cheia de energia e serena eu fico.

E eu faço isso dormindo cedo para regenerar, me alimentando de forma natural sem químicas e derivados de animais ou glúten bem como não bebendo álcool,

Quanto melhor eu me sinto, mais tenho vontade de me cuidar. E, por isso, faço terapias, tomo adaptógenos naturais como cogumelos medicinais, massagens e afins. Ou seja, entro numa espiral positiva. 

Fiz uma LIVE incrível sobre a saúde do intestino ligada à saúde mental com Dr. Victor Paviani : assista aqui para se aprofundar mais no assunto. 

Alana Rox

Alana Rox

Autora dos best-sellers Diário de Uma Vegana e Diário de Uma Vegana 2. Prega a conexão corpo, mente e espírito através da alimentação e estilo de vida saudáveis como agentes de transformação.

Saiba mais sobre mim