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O que a superproteção pode causar à autoestima dos filhos

Pais muito rígidos podem minar a autoconfiança de seus filhos e gerar pessoas inseguras

Atualizado em

Os pais buscam proteger seus filhos por vários motivos, às vezes, por acharem que eles são maravilhosos demais e não podem sofrer, em outras, porque enxergam seus filhos com algum tipo de fragilidade e incapacidade de lidar com a sua própria vida.

Os motivos são muito particulares e é claro que fazem isso achando que é o melhor que podem fazer, mas os efeitos da superproteção podem prejudicar e muito a autoestima da criança.

Lógico que os pais, ao agirem assim, não sabem que estão causando algo de ruim para seus filhos, pelo contrário, às vezes aprenderam com seus pais a agirem desta maneira.

Mas e seus filhos? O que eles podem fazer para romper com seus ciclos de insegurança?

As consequências da superproteção

A dinâmica entre pais e filhos é muito particular e as consequências também, mas vou citar um caso sobre uma pessoa que sofre com a superproteção.

Maria foi muito doente quando criança, sempre com problemas respiratórios que a levaram até a internações. Com isso, ela sempre foi uma preocupação para seus pais, mesmo tendo um irmão mais novo.

Compulsão alimentar

Ao longo de sua infância, Maria tinha pouca fome por estar sempre muito medicada, mas era obrigada a se alimentar, porque seus pais achavam que iria reforçar sua saúde, sem falar de toda gama de estimuladores de apetite que tomou para comer mais.

No decorrer de sua vida, descobriu um prazer maior por comer e gerou uma compulsão alimentar.

Dificuldades com autoimagem

O sofrimento de Maria não está apenas relacionado à comida. Ela também tem muitas dificuldades com sua autoimagem, sempre está em busca da dieta da moda e já usou vários tipos de inibidores de apetite achando que isso iria resolver seu problema.

Mas sua questão sobre autoimagem é mais profunda, tem uma origem na sua falta de aceitação sobre si mesma e sobre suas escolhas.

Inclusive, hoje, ela tenta separar as escolhas que seus pais fizeram e ainda tentam fazer para a sua vida.

Dificuldade com suas escolhas

Maria ainda hoje luta constantemente para entender que suas escolhas na vida sempre passaram pela superproteção que seus pais tiveram com ela.

Além deles terem tentado alimentá-la mais do que seu corpo tinha vontade de comer, eles também a proibiam de brincar com as demais crianças para que ela não ficasse mais doente.

E não foi só isso, seus pais não a ensinaram a escolher o que é o melhor para ela. Eles sempre achavam alguma maneira de escolher por ela, desde sua profissão até suas atitudes dentro de seu casamento.

Crises de ansiedade

Maria passou por muitas crises de ansiedade e extrema preocupação ao longo da infância e da adolescência porque, de alguma maneira, tentou lutar contra as escolhas dos seus pais e buscou fazer suas próprias escolhas.

No entanto, por não ter noção de onde vinha a força autodestrutiva e impositiva – “tenho de agradar meus pais, logo tenho que ficar no lugar de doente” -, Maria sempre cedeu às vontades de seus pais e de fato, sempre ocupou o lugar da “doente da casa”.

Ela não se deu conta de que todas as suas escolhas na vida eram baseadas no que seus pais gostariam que ela fizesse, não no que ela realmente gostaria de fazer.

Insegurança

Isso tudo causa insegurança muito grande, gerada por Maria não poder nunca escolher.
Claro que ao ser criança, todo mundo precisa de um adulto para ajudar a decidir a hora de dormir, de estudar e de brincar, por exemplo.

Ao chegarmos na adolescência, é preciso que nossos pais entendam que é o momento de nos permitir aprender o que é que queremos de fato.

Pais muito rígidos, que imperam sobre seus filhos ou que superprotegem achando que isso é o melhor que podem fazer, acabam minando a autoconfiança de seus filhos e geram pessoas muito inseguras.

Como adquirir autoconfiança

Não é tarefa nada fácil descobrir uma maneira de jogar fora a insegurança sobre sua própria vida. Afinal, a insegurança é algo construído ao longo da vida.

Para se libertar disso é preciso tomar muita consciência sobre sua relação com o que foi recebido dos seus pais, seja a forma de amar deles, seja a educação ou a atenção recebida.

Por isso, o processo de entrar em análise é tão importante para as pessoas que buscam aprimorar sua autoestima e seguir mais confiante na sua vida.

Encara o desafio de enxergar o que foi assimilado sobre si mesmo é extremamente importante, é o primeiro passo.

O segundo é descobrir o que realmente quer e o terceiro, como você vai pôr em prática a sua escolha – aquela baseada no que você quer de verdade.

Está pronto para embarcar nesta linda viagem de autoconhecimento? Espero você!

Bruna Rafaele

Bruna Rafaele

Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.

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