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A dor de quem decide pela separação

Entenda a dor de quem decide pela separação e como esse processo de luto pode ser tão intenso quanto o de quem é deixado

Atualizado em

Tendemos sempre a achar que quem “é deixado” é a grande vítima num relacionamento. Contudo, pouco se fala sobre a dor de quem decide pela separação.

Neste artigo, vamos explorar as emoções e os desafios vividos por quem toma a decisão de pôr fim a uma relação, abordando tanto o sofrimento dessa pessoa quanto a visão comum de que ela está “na boa”.

Afinal, essa decisão também envolve um processo de luto e conflito interno.

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A dor de quem decide pela separação

A decisão de terminar um relacionamento nunca é fácil. Quem decide pela separação não está em uma situação simples, e a sua dor muitas vezes é ignorada.

Embora seja quem toma a decisão, a pessoa também sofre, e não é porque decide que a dor desaparece. Muitas vezes, a pessoa que decide pela separação já passou por um longo processo de reflexão, luta interna e sofrimento antes de comunicar sua decisão.

A dor de quem decide pela separação é silenciosa e interna, carregando muitas vezes um sentimento de culpa e frustração. Especialmente ao perceber que o amor acabou e não pode forçá-lo a voltar.

Esse processo se torna um verdadeiro luto, em que a pessoa sente a perda não só do relacionamento, mas também dos sonhos e planos compartilhados.

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A dor de quem fica

Quem é deixado está numa situação completamente passiva e é obrigado a lidar com todo o sentimento de impotência. Não há o que fazer. Afinal, como lutar contra uma certeza do parceiro?

Assim, quem fica é arrebatado por um sentimento de traição, mesmo sem haver “traição” propriamente.

Quem fica se sente à deriva, abandonado, rejeitado, desamado… sem chão. O que resta são as lágrimas.

Às vezes, dependendo do despreparo ou da surpresa com a notícia, tem-se o impulso de fazer malabarismos para que o outro volte atrás. Mas é inútil.

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Existe vilão e vítima?

Comete-se o engano de acreditar que quem decide pela separação “está numa boa”. Este é o “vilão da história”, quem provoca o sofrimento. Mas não é bem assim que acontece.

Numa relação estável, que começou com a intenção de que fosse o mais duradoura possível, é claro que ambos caminham na direção de solidificar o casal.

Espera-se que o amor seja para todo o sempre e por mais que se fique atento à evolução do relacionamento, o amor, o tesão, o interesse por perpetuar o vínculo pode acabar de um dos lados.

Às vezes, acontece de ambos irem perdendo o interesse gradualmente e quase ao mesmo tempo. Mas geralmente esse desinteresse é unilateral.

Quem deixou de amar também se frustra. Quem deixou de amar não gostaria de ter deixado de amar, mas não se trata de uma decisão, isso simplesmente acontece.

Ele vasculha dentro de si por longo tempo para reencontrar o desejo, a paixão dos primeiros tempos, mas nada encontra. Quem decide pela separação vive um grande conflito e entra em estado de luto.

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O peso da decisão

Quem decide pela separação também perdeu um amor e pode passar um longo tempo muitas vezes se culpando, antevendo a dor de seu parceiro, desejando evitar que ele se magoe.

E muitas vezes, na tentativa de negar que os sentimentos apenas se esvaíram, na crença de que é preciso haver um motivo mais contundente para a separação, que não basta que o amor e o desejo tenham se esgotado, cometem-se equívocos.

Se você se encontra nessa situação, preste atenção para não tornar a separação desnecessariamente mais dolorida do que naturalmente é, evitando as seguintes situações:

  • Provocar discussões estéreis
  • Buscar um relacionamento fora como forma de se punir pela culpa por ter deixado de amar seu parceiro
  • Buscar uma proximidade forçada para “disfarçar” seus reais sentimentos e intenções
  • Desprezar seu parceiro ou tratá-lo com indiferença, imaginando que assim fará com que ele também deixe de lhe amar, facilitando sua decisão

Essas atitudes apenas prolongam o sofrimento e dificultam ainda mais o processo de superação para ambas as partes.

O luto de quem decide pela separação

Quem passa por essa experiência se submete a um recolhimento reflexivo aflitivo, porque muitas vezes não consegue aceitar facilmente a realidade de seus sentimentos.

E até que perceba a impossibilidade da continuidade da convivência, vai-se vivendo o luto da perda de um amor, dos planos, dos projetos em comum.

É um engano acreditar que quem deseja se separar “está numa boa”. A diferença entre quem sai e quem fica é que quem sai vive o luto antes da efetivação da separação.

E acrescente-se aí toda a coragem necessária para comunicar ao parceiro e administrar com equilíbrio os desdobramentos dessa decisão.

O ditado que diz que “quando um não quer dois não brigam” aplica-se perfeitamente nos casos em que o desejo de separar-se é unilateral. Quando um dos dois lados chega a comunicar essa decisão, isso já foi longamente maturado — e sofrido.

A sensação de alívio experimentada por quem sai e a aparente simplicidade com que pode lidar com a questão são muitas vezes vistas como insensibilidade, e isso é outro engano.

Cada qual à sua forma e nos seus tempos, vive a dor da perda, e passado o primeiro impacto é sempre bom ter consigo que nas relações de afeto não existe certificado de garantia e muito menos prazo de validade.

Começo, meio e fim. Mesmo as relações que duram “até que a morte nos separe” sofrem pequenos lutos no meio do caminho.

Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e estudiosa de Psicologia da Saúde e Hospitalar. Utiliza os florais, entre outras ferramentas, como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.

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