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Ansiedade e relacionamento: como saber de onde vem?

Aprenda a reconhecer quando a ansiedade vem da sua ferida interna e quando é a relação que a desperta - com dicas do que fazer!

Atualizado em

Sentir ansiedade em um relacionamento é comum. O coração acelera, a mente cria cenários, a insegurança bate. Mas, no fundo, a ansiedade sempre nasce em nós.

A diferença está em como ela se manifesta: às vezes, cria fantasmas que não existem na realidade externa; em outras, é despertada por atitudes da pessoa parceira, que acabam tocando e intensificando uma ferida já existente.

Reconhecer essa dinâmica é essencial para não se perder em dúvidas nem viver em ciclos de autossabotagem ou vínculos tóxicos.

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Programações da infância e o inconsciente

Acreditamos estar escolhendo o que queremos. Mas, na prática, o corpo e o inconsciente — mais fortes que a mente racional — nos conduzem para padrões aprendidos na infância.

Se crescemos num ambiente onde amor e insegurança andavam juntos, é natural que repitamos esse modelo. E mesmo quando reconhecemos o padrão, podemos pensar: “justamente isso eu não quero”.

Ainda assim, a programação atua como pano de fundo, moldando nossa forma de amar. Nem sempre percebemos que o que parecia saudável não era o mais construtivo.

Por exemplo: se um dos pais era ansioso e o outro atendia imediatamente todas as expectativas, isso pode ter parecido cuidado e carinho, mas, na essência, reforçava dependência e ansiedade.

Assim, crescemos acreditando que tivemos bons referenciais, quando, na verdade, aprendemos um modelo distorcido de vínculo.

👉 E vale lembrar: se temos feridas, mesmo que nem consigamos percebê-las, são elas que vão ditar nossas escolhas — até mesmo a escolha de quem nos sentimos atraídos afetivamente.

Quando a ferida cria fantasmas

Mesmo quando o outro é presente e consistente, por vezes a mente ansiosa pode criar cenários de abandono. Já em outras situações, o que dispara a ansiedade não é o risco de perder, mas o medo de se permitir ser feliz.

Isso acontece porque, lá atrás, o corpo aprendeu a chamar de “seguro” justamente o que era desarmonioso. Por isso, ainda que conscientemente desejemos um vínculo saudável, o inconsciente tende a buscar o que é conhecido.

Quando alguém oferece estabilidade verdadeira, o corpo pode sentir estranhamento. A pessoa não entende de imediato: só percebe um desconforto difuso, como se algo “não estivesse certo”.

Esse incômodo leva a reações ansiosas e, muitas vezes, a autossabotagens que só ficam claras depois, quando o resultado negativo já apareceu.

Quando o vínculo desperta a ferida?

Em outros casos, a ansiedade não é apenas fruto da projeção interna, mas também da forma como o parceiro se coloca. Se há incoerência ou falta de clareza, a ferida encontra alimento.

Há ainda situações em que tudo parece perfeito, mas o desconforto surge como alerta. Pessoas com perfil narcisista, por exemplo, podem criar uma realidade que não corresponde ao que aparenta.

A diferença é que, em vez de acolher seu ponto de vista, esse parceiro tentará convencê-lo do dele. Nunca pede desculpas, está sempre certo e manipula conversas de modo a invalidar o que você sente.

A diferença pode ser sutil, mas se a vida lhe trouxer essa experiência, aprenda com ela.

Sinais de um vínculo inseguro ou tóxico

  • Desmarca em cima da hora repetidamente.
  • Evita assumir compromisso ou mantém a relação escondida.
  • Só aparece quando é conveniente.
  • É evasivo ou incoerente nas palavras e ações.
  • Faz você se sentir sempre em último lugar.
  • Faz você se sentir confuso, errado ou culpado.
  • Manipula conversas, invalidando sua visão e validando apenas a dele(a).

Não precisamos ser prioridade o tempo todo, mas também não podemos viver como se estivéssemos sempre em último plano. Assim como não precisamos estar sempre certos, mas também não podemos viver sem voz, sem vez, sem razão.

Como é um vínculo saudável?

O vínculo saudável se expressa de forma diferente:

  • Comunicação clara e sincera.
  • Presença mesmo em momentos de insegurança.
  • Coerência entre fala e atitude.
  • Interesse real, sem evasivas.
  • Abertura para conversar sobre sentimentos e medos.
  • Vontade genuína para compreender o outro.

Se, mesmo diante desses sinais positivos, a ansiedade persiste, é a ferida interna que precisa ser cuidada.

3 passos para diferenciar a ansiedade

1. Acalme o corpo

A ansiedade coloca o organismo em estado de luta ou fuga, distorcendo a percepção. Antes de avaliar o relacionamento, respire e centre-se.

Uma forma simples é respirar com o foco no coração — como se o nariz estivesse no coração.

  • Sinta o corpo relaxar e sintonize seus pensamentos em algo que traga imediatamente sentimentos de carinho, cuidado ou gratidão.
  • Permaneça alguns instantes nessa vibração e só então retorne à situação.

2. Observe a realidade

Pergunte-se: o que esta ansiedade está realmente me mostrando?

3. Escolha como agir

Se for projeção, acolha e trabalhe a ferida interna. Se houver sinais concretos de desrespeito ou inconsistência, avalie seus limites e perceba se essa relação vale realmente a pena.

Independentemente da decisão sobre a relação, cuide de suas feridas — essa é a melhor maneira de transformar sua realidade afetiva.

A cura é sempre interna

Mesmo que o parceiro mude ou a relação acabe, a ansiedade continuará existindo se a ferida não for cuidada. Buscar no outro a função de regulador emocional pode trazer alívio momentâneo, mas não resolve.

O verdadeiro caminho é aprender a acalmar a si, curar as feridas e se abrir para novas e melhores realidades. É isso que transforma não só a forma de se relacionar, mas também a qualidade dos vínculos que você atrai.

Relações saudáveis sempre começam dentro de nós.

Ceci Akamatsu

Ceci Akamatsu

Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.

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