Canetas emagrecedoras superam busca por dieta: o que isso diz sobre nós?

As canetas emagrecedoras se tornaram tão populares que, hoje, superam até mesmo as buscas por dietas tradicionais. 

Segundo dados do Google Trends, em 2025, termos como “canetas emagrecedoras” e “Mounjaro para emagrecer” ultrapassaram o volume de pesquisas por “dieta para emagrecer” no Brasil.

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Mas o que essa mudança nas buscas revela sobre o comportamento da sociedade brasileira? Será que a preferência por soluções rápidas e medicamentosas reflete uma insatisfação com os métodos tradicionais de emagrecimento? 

Estamos, de fato, em busca de resultados sustentáveis ou, na realidade, seduzidos pela promessa de resultados imediatos?

Este artigo explora como o crescente uso das canetas emagrecedoras reflete uma transformação nas expectativas sobre emagrecimento e bem-estar — e o que isso diz sobre nossas necessidades, frustrações e atitudes em relação à saúde.

As principais canetas para emagrecimento

Nos últimos anos, as chamadas canetas emagrecedoras ganharam enorme destaque no Brasil, especialmente após a aprovação de medicamentos como o Mounjaro para tratamento da obesidade. 

Embora todas tenham pontos em comum — aplicação subcutânea semanal ou diária e ação sobre hormônios ligados à saciedade e ao metabolismo —, cada uma tem particularidades em relação ao princípio ativo e às indicações médicas.

Mounjaro (Tirzepatida)

• Princípio ativo: Tirzepatida, um agonista duplo dos receptores GIP e GLP-1.
• Indicações: Aprovada para diabetes tipo 2 e, desde 2025, também para obesidade e sobrepeso com comorbidades.
• Diferencial: Atua em dois hormônios ao mesmo tempo, promovendo maior saciedade, melhor controle da glicose e maior perda de peso do que as terapias apenas com GLP-1.

Wegovy (Semaglutida)

• Princípio ativo: Semaglutida, agonista do GLP-1.
• Indicações: Desenvolvida especificamente para o tratamento da obesidade e sobrepeso com fatores de risco.
• Diferencial: É uma versão da semaglutida com doses mais altas do que no Ozempic, com foco exclusivo em perda de peso.

Ozempic (Semaglutida)

• Princípio ativo: Semaglutida (mesmo do Wegovy).
• Indicações: Diabetes tipo 2, mas acabou se tornando conhecida pelo efeito emagrecedor.
• Diferencial: Embora não tenha sido criado para emagrecimento, é amplamente prescrito para essa finalidade no Brasil.

Victoza (Liraglutida)

• Princípio ativo: Liraglutida, agonista do GLP-1.
• Indicações: Diabetes tipo 2.
• Diferencial: Primeira caneta popular da classe no Brasil. Aplicação diária, com efeito em perda de peso, mas menos potente do que os mais novos (semaglutida e tirzepatida).

Saxenda (Liraglutida)

• Princípio ativo: Liraglutida (mesmo do Victoza), mas em doses mais altas.
• Indicações: Obesidade e sobrepeso com comorbidades.
• Diferencial: Primeira caneta especificamente aprovada para emagrecimento no Brasil.

Olire (Retatrutida)

• Princípio ativo: Retatrutida, agonista triplo dos receptores GLP-1, GIP e glucagon.
• Indicações: Ainda em estudo, mas considerada a próxima geração de medicamentos para obesidade.
• Diferencial: Apontada como potencialmente mais eficaz do que Mounjaro e Wegovy, por atuar em três vias hormonais ao mesmo tempo.

👉 Essas canetas representam uma mudança de paradigma: em vez de focar apenas em encontrar um estilo de vida saudável, cada vez mais brasileiros buscam soluções medicamentosas para resultados imediatos. 

No entanto, caso haja necessidade, todas devem ser usadas com prescrição e acompanhamento médico, sempre associadas a mudanças de estilo de vida para resultados duradouros.

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O que a busca por soluções rápidas esconde? 

A atração pelo “milagre” da perda de peso é muito sedutora. A ideia de um “remédio milagroso” desperta uma busca por atalhos, que muitas vezes vêm com a frustração de dietas restritivas e com a ansiedade por resultados imediatos.

As redes sociais, por sua vez, amplificam ainda mais essa pressão. As pessoas se comparam com padrões frequentemente irreais ou com uma versão idealizada de outras realidades. 

Esse tipo de comparação distorce a percepção de como “deveríamos” nos sentir e agir em relação ao corpo e à alimentação. Muitas vezes, esquecemos que o que vemos na internet não é a totalidade, mas apenas um recorte da realidade.

Devemos nos questionar: 

• O que acontece quando o uso da caneta é interrompido? 
• E depois? 
• A caneta ensina a lidar com a fome emocional? 
• Ela muda a nossa relação com os alimentos? 

Esses questionamentos são essenciais, pois nos ajudam a entender que o remédio pode tratar o sintoma, mas não a causa do comportamento alimentar.

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A Nutrição Consciente como verdadeira solução

Embora as canetas emagrecedoras possam ser uma ferramenta para ajudar na perda de peso, elas não são a solução definitiva. 

O verdadeiro emagrecimento duradouro não vem de uma injeção, mas sim do autoconhecimento, de entender o que o corpo e a mente realmente precisam, e de construir uma relação saudável e prazerosa com a comida, sem culpas e sem pressa.

Investir em educação nutricional, acompanhamento psicológico e mudança de hábitos de maneira holística é o caminho mais sustentável e valioso, tanto para o indivíduo quanto para a saúde pública. 

O tratamento com as canetas emagrecedoras, embora eficaz em muitos casos, é caro, e um dos grandes dilemas é o acesso. O governo brasileiro, por exemplo, decidiu não incluir esses medicamentos no SUS devido ao alto custo de R$ 5 bilhões em cinco anos.

Enquanto isso, a Anvisa abriu caminho para que laboratórios nacionais produzam genéricos a partir de 2026, com a expectativa de que a concorrência ajude a reduzir os preços. Isso nos faz refletir: 

• O que acontece com a maioria da população que não tem acesso a essas soluções caras? 

Fica claro que a promoção de educação nutricional e a mudança de hábitos são as soluções mais sustentáveis e acessíveis a longo prazo, e é nosso papel, enquanto sociedade, incentivar esse investimento na saúde preventiva.