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Como não se perder em um relacionamento

Aprenda como não se perder em um relacionamento identificando os sinais de apagamento emocional e reconectando-se com sua essência

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Outro dia, alguém me disse com a voz embargada: “Eu não sei quem sou quando estou com ele.” A frase me pegou. A gente passa a vida construindo uma identidade, aprendendo a medir os próprios passos, equilibrando vontades e limites… Até que, de repente, tem medo de se perder em um relacionamento.

E é aí que algo começa a mudar. O outro chega na nossa vida como um espelho. E o reflexo devolvido é turvo. Encantamento? Dependência? Rejeição?

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Do love bombing ao silêncio

No começo, tudo brilha. A presença do outro aquece como o sol do meio-dia. Elogios, promessas, intensidade. É o feitiço do amor lançado sem aviso. 

A Psicologia chama isso de love bombing, que pode ser traduzido como “bombardeio de amor”, ou seja, quando damos atenção e carinho de forma avassaladora.

Na prática, parece apenas um voo alto, um delírio doce. E quem sobe sem freio, uma hora despenca.

Mas a queda sempre vem.

O olhar antes cheio de luz se torna distante. O toque esfria. As palavras rareiam. E então o silêncio cresce como um muro invisível. 

Como nos perdemos no meio do caminho

Quando o silêncio chega, você se pergunta o que fez de errado. Procura brechas, tenta reanimar o que já se esvaiu. Mas talvez a pergunta não seja “o que eu fiz?”, e sim: por que aceito esse jogo?

A resposta é porque, muitas vezes, não somos nós que escolhemos – são nossos complexos.

Em um lado da dança, está quem sente que precisa merecer amor — que se curva, que aceita migalhas, que acredita que, se tentar mais um pouco, será finalmente escolhido. 

No outro, quem veste a couraça da indiferença, que se alimenta da busca alheia, que dá e retira o afeto como um prêmio.

Mas tudo isso é uma ilusão. A pergunta não é o que sinto pelo outro, mas como o outro faz me faz sentir.

O que parece amor pode ser apenas um jogo de sombras. Jung nos ensinou que dentro de cada um de nós habita um casamento secreto: o feminino e o masculino, o receptivo e o ativo, a entrega e a firmeza. 

Mas quando esse equilíbrio interno se rompe, buscamos no outro o que falta em nós. Atraímos o reflexo da nossa própria carência.

Como não se perder em um relacionamento

A resposta não está no outro. Mas, sim, no silêncio entre uma pergunta e outra.

  • Quando foi que você começou a duvidar de si? 
  • Quando se pegou esperando que o outro dissesse quem você é? 
  • Quando foi que seu centro se deslocou para longe de você?

A escolha precisa ser feita. E, uma vez feita, precisa ser protegida.

Mas atenção: proteger-se não é se fechar, não é erguer muros. É ocupar seu espaço no mundo sem precisar encolher ou expandir para caber no abraço alheio.

Então onde está seu centro quando o outro não está?

No fim, amar não é se perder nem se dissolver. É permanecer inteiro.

Araiê Berger

Araiê Berger

Mestre em Ensino nas Ciências da Saúde e especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, com mais de 14 anos de experiência em psicoterapia clínica e supervisão de psicólogo, presencial e online. Dedica-se a temas como sonhos, simbologias e a compreensão profunda da psique humana por meio da psicologia analítica.

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