Compulsão alimentar: o que é, como identificar e tratar
Compreender o que é compulsão alimentar é fundamental para garantir um tratamento adequado
Por Priscila Monomi
Compulsão alimentar é um termo cada vez mais presente nas conversas sobre saúde mental e emocional. No entanto, ainda existe confusão entre compulsão, exagero alimentar e comer emocional — o que pode dificultar a busca por ajuda.
Neste artigo, você vai entender o que é compulsão alimentar, as principais diferenças em relação ao exagero alimentar e ao comer emocional, além de saber como funciona o tratamento adequado para esse transtorno.
Principais pontos sobre compulsão alimentar:
- Compulsão alimentar envolve episódios de perda de controle ao comer, geralmente em curto espaço de tempo.
- É diferente de exagero alimentar esporádico ou de comer por emoção.
- Pode gerar culpa, angústia e desregulação emocional.
- O tratamento deve ser feito com equipe multidisciplinar, sem foco em dietas.
- Estratégias como mindful eating e diário alimentar podem ajudar.
O que é compulsão alimentar?
Compulsão alimentar é um transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes em que a pessoa come de forma descontrolada em um período de até duas horas.
Durante esse episódio, há uma clara perda de controle, mesmo após os sinais de saciedade do corpo já terem aparecido.
Após comer, é comum que surjam sentimentos como culpa, vergonha ou frustração. Em muitos casos, a compulsão envolve alimentos específicos, como doces, mas pode ocorrer com qualquer tipo de comida.
Qual a diferença entre compulsão e exagero?
Episódios de compulsão são comumente confundidos com episódios de exagero alimentar. Mas a principal diferença entre compulsão e exagero alimentar está na frequência, quantidade e controle.
- Exagero alimentar pode ocorrer ocasionalmente, como em festas ou momentos especiais.
- Compulsão alimentar é mais intensa, frequente e marcada por perda de controle — mesmo com estômago cheio, a pessoa não consegue parar de comer.
Ou seja, podemos exagerar na comida em festas, ocasiões especiais ou com determinados alimentos específicos de forma esporádica. E está tudo bem.
Porém, quando você percebe que o ato de comer não respeita seus sinais de saciedade, ou seja, come muito além do que o corpo precisava naquele momento, com sensação de falta de controle, e não consegue parar de comer, é um sinal de alerta.
Se ocorrer semanalmente ou com alta frequência é necessário buscar ajuda. Ou, mesmo se você ficar com dúvidas entre exagero ou compulsão, é essencial buscar uma avaliação com um profissional psiquiatra para um diagnóstico correto.
O que é o comer emocional?
No comer emocional, o consumo está sempre relacionado às emoções, sejam elas positivas ou negativas, e a pessoa desconta suas frustrações, estresse, angústia ou outros sentimentos na comida.
Ter lembranças e memórias afetivas através da comida é normal, mas torna-se um problema quando esse hábito se transforma em uma fuga emocional. Aí, pode, sim, desencadear episódios compulsivos.
Portanto, cuidar das suas emoções e entender a raiz do seu comer é fundamental.
Como os pensamentos afetam o comportamento alimentar?
A forma como você pensa sobre a comida impacta diretamente no modo como se alimenta. Veja dois exemplos práticos:
Exemplo 1 – Relacionamento conflituoso com a comida:
Você vai à doceria e:
- Pensamento: “Eu não deveria estar aqui, é a última vez que como doce, preciso parar de comer para emagrecer”.
- Sentimento: Culpa ao comer.
- Ação: “Vou comer bastante para me despedir dos doces”.
Exemplo 2 – Relacionamento consciente com a comida:
Você vai à doceria e:
- Pensamento: “Posso comer de tudo respeitando os sinais de saciedade do meu corpo, sem julgar os alimentos, entre bons ou ruins.”
- Sentimento: Paz ao comer.
- Ação: Como com mais consciência e sem culpa.
Modificar pensamentos e crenças é o primeiro passo para desenvolver uma relação mais equilibrada com a alimentação.
Qual tratamento para compulsão alimentar?
O tratamento ideal para compulsão alimentar deve ser interdisciplinar, com acompanhamento de profissionais especializados em transtornos alimentares:
- Psicólogo(a) ou psicoterapeuta
- Nutricionista comportamental
- Psiquiatra, se necessário
Evita-se o uso de dietas restritivas ou contagem de calorias, pois isso pode agravar o quadro.
Ferramentas que podem ajudar no tratamento:
- Exercícios de conexão com a fome e saciedade
- Diário alimentar emocional
- Mindful eating, para praticar a presença e consciência alimentar
Mas o mais importante: é fundamental abordar essa jornada com autocompaixão. Existem profissionais acolhedores que podem te apoiar no processo de recuperação.
FAQ sobre compulsão alimentar
Comer muito de vez em quando é compulsão?
Nem sempre. Se for esporádico, provavelmente é um exagero, não compulsão. O sinal de alerta está na frequência e no sentimento de perda de controle.
Compulsão tem cura?
Com o tratamento adequado, é possível sim melhorar significativamente a relação com a comida e reduzir ou eliminar os episódios.
Como saber se é compulsão ou ansiedade?
A ansiedade pode ser um gatilho para a compulsão, mas não são a mesma coisa. Um(a) profissional poderá avaliar o caso com precisão.
Qual profissional procurar?
O ideal é começar com um(a) psicólogo(a) ou psiquiatra com experiência em transtornos alimentares.
Se você se identificou com os sinais descritos, não hesite em buscar ajuda. Sua saúde emocional merece cuidado e atenção. Você não está sozinha nessa jornada.
Nutricionista e Terapeuta de Thetahealing, desenvolve um trabalho de conscientização dos motivos que levam a pessoa a comer, identificando crenças alimentares e de vida. Em seus atendimentos online, une conhecimentos da nutrição consciente e intuitiva e técnicas terapêuticas.
Saiba mais sobre mim- Contato: pripriyumi@gmail.com