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As cores do amor e do luto: como nossas emoções moldam o corpo e a alma

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As cores do amor e do luto se misturam em cada despedida, trazendo à tona emoções profundas que nos transformam. 

“Será que é mais difícil nos despedirmos do outro, ou daquela versão de nós que só existia quando estávamos com ele?”

Essa pergunta ecoa como um sussurro dentro de cada despedida. Porque, quando alguém vai embora, não é apenas a presença física que perdemos. É a cor única que aquela relação criava em nós — uma tonalidade irrepetível, exclusiva, que não existe sem o encontro.

Cada pessoa é uma cor. Cada relação, uma mistura inédita. E cada despedida, a dissolução dessa cor.

Leia também: Cada dor no corpo pode ser um trauma da infância

O amor tem cores

O amor não é uma emoção fixa, é movimento. É tinta viva que se espalha e se transforma.

  • O amor vermelho é paixão, desejo, raiva e vida em ebulição.
  • O amor azul é ternura, nostalgia, mas também melancolia.
  • O amor amarelo é expansão, luz, alegria, mas também ansiedade.
  • O amor verde é equilíbrio, esperança, encontro com o centro.
  • O amor laranja é vitalidade, entusiasmo, energia criativa.
  • O amor anil é profundidade, espiritualidade, silêncio interior.
  • O amor violeta é transcendência, intuição, transformação.
  • O amor cinza — como escrevi neste texto — é o amor em cinzas, o que ardeu e se apagou, mas que guarda em si a potência da renovação.
  • O amor branco é paz, pureza, silêncio e início.
  • O amor preto é profundidade, mistério, sombra e confrontação.

Cada encontro humano nos atravessa como uma cor. Cada despedida nos obriga a lidar com o esmaecimento dessa tonalidade.

O luto como travessia de cores

O luto é uma das experiências mais profundas em que as cores do amor e do luto se entrelaçam. Elizabeth Kübler-Ross descreveu os cinco estágios do luto, que também podem ser visualizados como diferentes cores emocionais:

  • A negação é um branco ofuscante, que paralisa.
  • A raiva é vermelho em chamas.
  • A barganha é amarelo ansioso, tentando negociar com a vida.
  • A depressão é azul profundo, quase sem luz.
  • A aceitação é cinza suave, e às vezes um arco-íris inteiro, quando conseguimos ressignificar a perda.

Mas o luto não é linear. É mistura. Voltamos e avançamos, mergulhamos em pretos densos e emergimos em brancos frágeis, até que lentamente encontramos uma cor possível de habitar.

Como usar as terapias integrativas para enfrentar o luto

O corpo guarda as marcas

Bessel van der Kolk, em O Corpo Guarda as Marcas, nos lembra que o corpo não esquece. O trauma, os lutos não vividos e as perdas ficam registrados nas células.

O nó na garganta, o aperto no peito, a insônia, a fadiga — são sinais de que o corpo fala a dor que a alma não consegue expressar.

Peter Levine nos mostra que o trauma não é apenas o que aconteceu, mas aquilo que não conseguimos atravessar. 

Se não vivemos o luto, o corpo vive por nós. Quando não choramos, ele chora em sintomas. Quando não gritamos, ele grita em dores.

As feridas que o luto desperta

Cada despedida reabre feridas antigas: rejeição, abandono, humilhação, injustiça, traição. O luto presente ecoa todos os lutos passados, como se cada cor apagada viesse à tona ao mesmo tempo.

Ediane Ribeiro, em Tesouros que Perdemos pelo Caminho, nos lembra que o sofrimento não é apenas pessoal, mas também coletivo e ancestral. Carregamos dores invisíveis, não apenas nossas, mas herdadas. Lutos não vividos atravessam gerações.

O amor como força de cura

Bell hooks nos ensina que o amor é mais do que emoção: é prática, é força política e espiritual. Amar é cuidar. Amar é validar a dor. É criar espaço para os lutos invisíveis.

O amor é também a coragem de ritualizar perdas, mesmo aquelas que ninguém vê. Escrever uma carta, acender uma vela, plantar uma árvore, rezar, dançar, chorar — são gestos que transformam ausência em presença simbólica. 

Ritualizar é pintar no mundo a cor que insiste em viver apenas dentro de nós.

Travessia final: o arco-íris do amor e os tons do luto

Cada despedida é, ao mesmo tempo, uma morte e uma possibilidade de renascimento. A cor que se dissolve não desaparece: ela já faz parte da nossa paleta interior.

O luto é também uma forma de amor, porque só sentimos dor onde houve vínculo. É o arco-íris que nasce depois da tempestade: feito de lágrimas, mas também de luz.

E esse arco-íris não é composto apenas de sete cores. Ele inclui também o cinza das cinzas, o branco dos recomeços e o preto das profundezas. 

Cada cor nos ensina algo importante:

  • Vermelho: força do desejo e da paixão.
  • Laranja: vitalidade e entusiasmo.
  • Amarelo: alegria e ansiedade.
  • Verde: equilíbrio e esperança.
  • Azul: ternura e melancolia.
  • Anil: silêncio e espiritualidade.
  • Violeta: transformação e transcendência.
  • Cinza: a renovação que surge das cinzas.
  • Preto: a profundidade e o luto.
  • Branco: o silêncio e os novos começos.

No final, somos a soma dessas cores. Cada uma delas nos atravessa e nos transforma. Talvez amar seja justamente isso: aceitar ser atravessado por todas as cores — inclusive aquelas que escurecem.

O amor é feito de todas as cores — até as do luto

As cores do amor e do luto são partes essenciais de nossa jornada emocional e espiritual. Elas não são apenas tons passageiros: são camadas que nos atravessam, pintam nossas memórias e, muitas vezes, permanecem em nós como tatuagens invisíveis.

Cada experiência de amor e cada despedida deixam uma cor única dentro de nós — às vezes vibrante, às vezes suave, às vezes quase imperceptível, mas sempre transformadora.

O luto não é apenas ausência, mas um processo de alquimia interior. Ele desmonta e reorganiza quem somos. Ele nos obriga a olhar para as partes de nós que resistem, que doem, mas também aquelas que florescem depois do inverno.

Como lembra Elisabeth Kübler-Ross, ao falar dos estágios do luto, o caminho é feito de atravessamentos: negação, raiva, barganha, tristeza e aceitação — cada estágio com sua cor, cada fase com seu peso e sua luz.

O amor é a força vital que nos dá coragem para atravessar esse caminho. Ele é o vermelho da paixão que aquece, o azul da calma que consola, o amarelo que ilumina os dias sombrios, o verde que cicatriza feridas, o violeta que conecta ao sagrado.

Mas ele também é o cinza da saudade, o preto da finitude e o branco da rendição. Amar é aceitar que todas essas cores convivem em nós, mesmo que algumas pareçam contraditórias.

Quando amamos, damos ao outro a chave para acessar cores que, sozinhos, talvez nunca veríamos.

Quando perdemos, descobrimos que essas cores não se apagam, mas se transformam em memória, em presença sutil, em parte do arco-íris interno que carregamos para o resto da vida. O amor, mesmo no luto, continua sendo a linguagem que dá sentido à dor.

No fim, o amor e o luto não são opostos

Amar é permitir que a dor se torne aprendizado, que o luto se torne memória, que a ausência se torne presença sutil dentro de nós.

Amar é compreender que cada cor perdida é, no fundo, uma cor que já nos habita para sempre — e que, mesmo quando pensamos tê-la deixado no passado, ela permanece em nós, dando profundidade, contraste e brilho ao arco-íris da vida.

No fim, o amor e o luto não são opostos. São parte da mesma tela. São as pinceladas de sombra e luz que fazem de nossa existência uma obra inteira, única, imperfeita e bela.

 

Eric Flor

Eric Flor

Eric Flor é terapeuta integrativo formado em fisioterapia, acupunturista e mestre em Reiki. Faz atendimentos online e presenciais em João Pessoa com Auriculoterapia, Ventosaterapia, Moxaterapia, Orgoniteterapia, Cristalterapia e Pranic Healing (Cura Prânica) na promoção de saúde em todos níveis, equilíbrio e bem-estar.

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