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É difícil ter sucesso na vida enquanto rejeita seu pai

Descubra por que rejeita seu pai pode limitar sua vida e comorestaurar vínculos e fortalecer sua trajetória pessoal

Atualizado em

É muito difícil ter sucesso na vida quando, de forma consciente ou inconsciente, você rejeita seu pai. Essa recusa pode se manifestar por mágoa, raiva, negação ou até mesmo pelo desconhecimento da identidade paterna — mas seus efeitos repercutem em diversas áreas da vida.

Em um de meus grupos terapêuticos, três pessoas com idades bastante diferentes compartilharam a mesma descoberta no mesmo período: “meu pai, aquele que me criou e com quem convivi a vida inteira, não é meu pai biológico”.

Após o choque da notícia, surgiram conflitos internos: recusa em aceitar o pai biológico, revolta com a mãe e uma sensação de vazio profundo.

Quando a identidade do pai é ocultada — seja em casos de adoção, relações extraconjugais ou dúvidas de paternidade — o que mais pesa não é a origem em si, mas a violação do direito de pertencimento.

O que significa pertencer à própria história?

Na visão sistêmica, pertencimento é uma força essencial que garante ordem e equilíbrio nos vínculos humanos — especialmente dentro das famílias.

Essa abordagem entende que todos os membros têm o direito de pertencer e ocupam um lugar único no sistema familiar.

Por isso, excluir ou rejeitar o pai gera desorganização interna. Mesmo sem perceber, a pessoa pode se sentir perdida, desconectada ou sem propósito, justamente porque está em desequilíbrio com parte da própria origem.

O que acontece quando a pessoa rejeita o pai?

Existe uma ideia bastante difundida de que “pai é quem cria”. Nessa crença está embutida uma perigosa exclusão. Afinal, qual é a condição para que um homem se torne pai?

Do ponto de vista da existência, basta que apenas conceba uma vida. O lugar e a função de um pai no sistema familiar, portanto, ninguém pode substituir ou lhe negar.

Quando excluímos alguém de nossa alma e consciência, seja porque o tememos, o condenamos ou o esquecemos, há terríveis consequências.

A consciência coletiva do sistema familiar gera em nós uma pressão por compensação ou expiação, muitas vezes fazendo com que um membro de uma geração seguinte represente o membro excluído, repetindo o seu destino para que os outros, de alguma forma, o olhem.

Por exemplo, um neto pode viver de forma inconsciente os conflitos de um avô que foi excluído por ter tido um filho fora do casamento. Esse neto pode sentir-se perdido, fracassado ou fora de lugar, sem saber por quê.

Quais são as consequências quando rejeita seu pai?

Quando você rejeita seu pai, ou simplesmente o ignora ou desconhece, a pessoa pode:

  • Sentir-se incompleta, como se faltasse algo
  • Ter dificuldade para manter uma profissão
  • Enfrentar conflitos com figuras masculinas ou de autoridade
  • Repetir padrões familiares dolorosos sem perceber
  • Ter relações afetivas instáveis ou frustrantes
  • Buscar compensações em vícios, grupos rígidos ou espiritualidades desconectadas

Por que aceitar o pai é essencial para ter sucesso na vida?

Como alguém pode saber quem é — e para onde vai — se desconhece sua origem? Na vida, somos 50% mãe e 50% pai. Não importa como foi a relação, essa metade paterna vive em nós.

Ao dar a vida aos filhos, os pais nada podem acrescentar e nada podem excluir dela. Da mesma forma, os filhos, quando tomam a vida dos pais, também não podem acrescentar-lhe nada, nem recusar algo dela.

É muito difícil alguém ter êxito na vida se não tomou plenamente um dos pais, se os rejeita ou despreza. A pessoa pode até ter sucesso por um tempo, porque usa a raiva para agir, mas isso não se sustenta no longo prazo.

Na visão sistêmica, tomar pai e mãe, ou seja, honrá-los e aceitá-los como são e como puderam ser, é a condição para se poder tomar a vida que veio deles. Esse ato de tomar é um ato de humildade. Representa um sim à vida e ao destino.

Quem rejeita o pai, por exemplo, rejeita a si e sente-se vazio, sem realização, sem propósito de vida.

O que isso tem a ver com fracasso e repetição de padrões?

A maneira como nos relacionamos com nosso pai, hoje e no passado, vai se refletir mais tarde na maneira como nos relacionamos com:

  • nossa profissão
  • figuras de autoridade
  • pessoas parceiras
  • em como nos sentimos inseridos no mundo

A exclusão de um membro da família, especialmente dos pais, pode levar uma pessoa a repetir padrões difíceis como forma inconsciente de compensação.

Por exemplo:

  • Ter várias profissões e não se fixar em nenhuma, ou mesmo não ter profissão alguma.
  • Querer fugir da realidade, seja pelo consumo de drogas ou pela devoção cega a uma seita, ou religião, por exemplo.

Essa rejeição pode estar na consciência, ou escondida na dor, mágoa ou desvalorização da figura paterna. Mas o efeito se mantém.

Como a terapia sistêmica pode ajudar?

No caso dos meus clientes que tiveram a identidade do pai ocultada, a solução foi configurar seus sistemas familiares num espaço físico, utilizando a Constelação Familiar para criar uma espécie de geometria das relações.

Para cada um deles, foi escolhida uma pessoa para representar o pai biológico, outra para representar a mãe e outra para representar o cliente (filho).

De início, a imagem da exclusão logo vem à tona, quando os representantes do filho e da mãe viram-se de costas para o representante do pai.

A partir disso, o cliente, assistindo a tudo de fora, pode escolher olhar para esse pai e reinseri-lo no sistema, chamando-o de pai e acolhendo-o em seu coração.

Aquela situação que antes causava desconforto, medo e rejeição, pode, enfim, ser acolhida tal como é. O filho consegue finalmente ficar em paz consigo mesmo, sentindo-se inteiro e com mais força e entusiasmo para caminhar em direção à vida.

Exercício para curar o vínculo com o pai

Se você vivenciou alguma situação parecida, que gerou ausência ou exclusão de seu pai biológico, ou você está em conflito com seu progenitor, ouça o áudio abaixo. 

Ele contém um exercício sistêmico e fenomenológico que permite curar este vínculo e liberar o fluxo interrompido do amor (estando seu pai vivo ou não, tendo você conhecido ele ou não).

Para algumas pessoas, fazer o exercício uma vez é o suficiente, enquanto para outras é bom fazer de tempos em tempos, até sentir que conseguiu realizar a mudança de postura interna.

Para quem é muito racional, recomendo que repita o exercício, com intervalo mínimo de um mês, até que a prática chegue ao coração e ao corpo, não só à cabeça.

Este exercício de visualização com imagens internas é uma constelação que põe em marcha um movimento de transformação pessoal. Esse processo se dá de forma sutil, no nível energético, e não racional.

Antes e depois dessa prática, é importante estar recolhido, centrado e presente. Assim, você vai potencializar os benefícios deste exercício.

Importante: procure um lugar tranquilo e silencioso, onde ninguém possa lhe interromper. Depois, é só ligar o áudio abaixo e começar a prática.

🎧 Ouça agora:

Alice Duarte

Alice Duarte

Alice Duarte é facilitadora de Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional, com treinamentos internacionais com o alemães Bert e Sophie Hellinger, e os espanhóis Joan Garriga e Brigitte Champetier de Ribes. Desde 2015 facilita processos de autoconhecimento, cura emocional e solução de conflitos nos relacionamentos. É jornalista, mantém um site autoral com artigos em português e é criadora do programa online Por Uma Vida Sem Amarras. Vive em Curitiba, onde trabalha com grupos terapêuticos, workshops, cursos e atendimentos individuais (presenciais e online) de Constelação Familiar e Consultoria Sistêmica Empresarial. Aqui no Personare escreve sobre autoconhecimento e relações humanas.

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