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Entendendo a bipolaridade

Níveis e sintomas da doença caracterizada por flutuações de humor

Atualizado em

Uma parcela significativa da população sofre de oscilações de humor maiores do que o normal. Essas oscilações caracterizam a bipolaridade, condição na qual o humor flutua de forma autônoma e não responde adequadamente aos acontecimentos. A pessoa pode se sentir infeliz, mesmo quando tudo está bem ou ficar eufórica em circunstâncias tristes, ou ainda reagir de forma exagerada aos eventos. Na fase depressiva, é comum sentir tristeza, desânimo, apatia e falta de prazer. Já na fase animada, ocorre um aumento de energia e são comuns sintomas como euforia, agitação, distração, agressividade, explosões emocionais e aumento de riscos e gastos por impulso. A ansiedade pode estar presente em ambas as fases.

Além do Transtorno Bipolar (antigamente chamado de psicose maníaco-depressiva), caracterizado por fases de depressão profunda, intercaladas com fases de animação exagerada, nas quais a pessoa chega a sair da realidade, há também outros níveis bipolaridade.

Diagnósticos equivocados

Pessoas com um nível médio de bipolaridade, muitas vezes, recebem diagnósticos equivocados, como depressão, ansiedade, hiperatividade ou até mesmo Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Como os sintomas depressivos incomodam mais e podem chamar mais a atenção do que o humor elevado, costuma haver uma grande confusão desses quadros.

Nos níveis mais brandos de bipolaridade, as pessoas passam por fases em que ficam mais desanimadas e recolhidas, para, em seguida, passarem por fases em que ficam muito animadas e produtivas. É comum apresentarem uma grande criatividade na fase animada e muitos artistas apresentam essa flutuação de humor.

Quando o nível da flutuação do humor é baixo, ou seja, a pessoa não fica muito deprimida, nem exaltada demais, o tratamento pode ser feito apenas com psicoterapia, preferencialmente na linha cognitivo-comportamental. Como a flutuação do humor é uma predisposição natural do indivíduo, causada por fatores endógenos, o objetivo da terapia passa a ser aprender a lidar com as “viradas do vento”, sem a intenção de inibir a flutuação.

Fases boas e fases ruins

Ao aceitar o fato de que sempre haverá fases boas e ruins, a pessoa aprende a fazer um planejamento nas fases boas, para seguir quando vier a próxima fase ruim. Também é estimulada a aproveitar as fases boas para produzir mais e poder se resguardar um pouco nas fases ruins. É importante evitar tomar decisões dramáticas na fase deprimida (como, por exemplo, pedir demissão) e também evitar as decisões impulsivas na fase animada (como gastar muito dinheiro com bobagens, por exemplo).

Muitos pacientes esperam que o tratamento os mantenha somente na fase boa, mas isso não é possível. O nível de animação nessa fase é bem maior do que o das pessoas que têm o humor estável e para as pessoas que têm o humor flutuante, o humor “normal” pode parecer muito entendiante. Eu costumo dizer que, ou se é quente/frio, ou é se é morno. Então, é importante aprender a aceitar as fases ruins. Saber que a fase ruim logo vai passar, ajuda a superá-la.

Para continuar refletindo sobre o tema

Filme “Mr. Jones”, no qual o personagem vivido por Richard Gere apresenta o Transtorno Bipolar

Filme “Villa-Lobos, Uma Vida de Paixão”, no qual o personagem principal, vivido por Marcos Palmeira na juventude, apresenta uma flutuação de humor que pode caracterizar uma bipolaridade leve.

Informações técnicas adicionais podem ser obtidas no site www.bipolaridade.com.br

Cristiane Costa Cruz

Cristiane Costa Cruz

Formada em Psicologia pela PUC/SP em 1990. Utiliza a abordagem cognitivo-comportamental. Ministra cursos sobre Psicopatologia e Transtornos Alimentares. Presidente da Mensa Brasil.

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