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Mãe, te honro desde o início: Guia para Honrar a Mãe em todas as Dimensões

Honrar a Mãe transcende uma simples frase, carregando uma profundidade e um simbolismo que vão além da nossa compreensão imediata

Atualizado em

Já refletiu sobre o verdadeiro significado da expressão Honrar a Mãe? Essas palavras transcendem uma simples frase, carregando uma profundidade e um simbolismo que vão além da nossa compreensão imediata. 

Elas abraçam não somente a figura materna, mas também as essências de nutrição, conexão, sabedoria e, em certas visões, até uma representação divina e espiritual.

Muitos de nós carregamos histórias de desafios na relação com nossas mães. A comunicação que, por vezes parece um campo minado, as expectativas não atendidas, os conflitos gerados por diferenças de opinião ou estilo de vida. E até mesmo a dor da ausência ou do cuidado que sentimos que nos faltou. 

Reduzir a figura materna a uma entidade imperfeita, que talvez não tenha nos proporcionado todo o amor que almejávamos, é adotar uma perspectiva limitada. A maternidade é de tal importância que é venerada como uma divindade em diversas culturas ao redor do globo.

Como, então, podemos ampliar nossa percepção para abraçar a totalidade do que significa Honrar a Mãe, especialmente quando enfrentamos essas dificuldades?

Este artigo convida você a embarcar em uma jornada de descoberta e valorização das diversas dimensões da maternidade. 

Portanto, exploraremos juntos, desde o milagre do nascimento até a transmissão de saberes ancestrais. E, assim, refletiremos sobre como podemos honrar a figura materna em todas as suas manifestações, superando os desafios e reconhecendo a magnitude dessa missão.

A mãe como o céu: honrando a fonte criadora da vida

Imagine por um momento que sua chegada a este mundo, planejada ou não, foi orquestrada por uma inteligência divina maior. E, assim, durante nove meses, essa inteligência maior te ofereceu um universo particular, um espaço muito especial dentro de sua mãe.

Lá, você foi mais do que apenas abrigado; foi nutrido, protegido, e teve sua primeira conexão emocional com o mundo. Este espaço foi o seu primeiro lar, ou seja, a concepção foi o seu “Big Bang” pessoal.

Agora, pense na mãe como nossa porta de entrada neste mundo totalmente novo. Ela nos introduz a perguntas que nos acompanharão por toda a vida: De onde vim? Quem sou eu? Qual é o meu propósito aqui? Para onde vou?

Essas questões existenciais, tão profundas e abrangentes, começam a se formar no momento da nossa concepção, entrelaçadas com a existência daquela que escolheu, consciente ou inconscientemente, ser uma especíe de Deus/Deusa para nós filhos e filhas.

Missão e responsabilidade

Considere a magnitude dessa missão e a responsabilidade que repousa sobre os ombros daquela mulher. 

Por isso a expressão “Ela deu à luz” reflete a imensa responsabilidade de servir como a fonte do amor que sustenta a força da vida. Uma tarefa grandiosa, digna da Divindade, não é mesmo?

Essa mulher, que também é filha, aceitou um desafio extraordinário sem compreender plenamente seu significado. Na mitologia, essa figura criadora é espelhada em Nut, a deusa do céu na mitologia egípcia, mãe das estrelas, do sol e da lua.

Nut arqueia seu corpo sobre a Terra, englobando o mundo inteiro, simbolizando o ciclo diário da morte e do renascimento. E nos lembra da natureza cíclica e eterna da vida e da maternidade.

Diante dessa reflexão, convido você a fazer uma pausa. Vamos dedicar um pequeno momento para contemplar a dimensão divina de nossa mãe.

Reserve um minuto para sentir e honrar a presença, a força e o amor incondicional de nossas mães. Ao fazer isso, reconhecemos não apenas a sua humanidade, mas também seu aspecto de portal Divino, a sua capacidade de criar vida e de nos introduzir a este mundo repleto de mistérios e maravilhas.

A mãe como terra: honrando a fonte de nutrição e abundância

A mãe, em sua essência maior, não apenas simboliza o Céu, a origem de nossa existência, mas também encarna a Terra, o sustento que nos acolhe e alimenta desde os primeiros momentos de vida.

Durante a gestação, ela é o refúgio que nos abriga e o solo fértil que nos nutre. Assim, canalizando diretamente pelo cordão umbilical todos os nutrientes essenciais, as vitaminas e minerais mais puros. Para, então, formar esse corpo que conhecemos. Não é incrível isso?

Essa entrega incondicional e abundante é o primeiro ato de amor genuíno que experimentamos. Um amor que continua a fluir, depois através do leite materno e, então, em cada refeição preparada durante nossa infância.

Essa relação primordial com a alimentação, estabelecida nos braços maternos, pode influenciar profundamente nossa conexão com a comida ao longo da vida.

Em momentos de excessos ou de escassez, refletir sobre nossa dinâmica alimentar pode revelar camadas ocultas da nossa relação com a figura materna. Isso nos ensina sobre nutrição em um nível mais profundo.

A Terra, chamada carinhosamente de “Mãe Terra”, espelha essa capacidade materna de prover, proteger assim como ensinar a prosperidade. Ela nos instrui sobre a generosidade, mostrando que o verdadeiro valor está em dar, e na razão da vida que é o servir ao outro.

Lição de abundância

Essa lição de abundância e cuidado é vividamente personificada na mitologia grega por Deméter, a deusa da agricultura, das colheitas e da fertilidade. Mãe de Perséfone, Deméter exemplifica a mãe como fonte inesgotável de nutrição dos filhos e filhas.

Porém a separação de sua filha, levada ao submundo, mergulhou Deméter em um luto tão profundo que a fertilidade da Terra foi suspensa, desencadeando um inverno sem fim.

Apenas o reencontro com Perséfone foi capaz de restaurar a abundância e a vitalidade do mundo. Reafirmando, assim, o ciclo eterno de morte e renascimento e destacando o papel da mãe como base da vida.

Diante dessa reflexão sobre a mãe como Terra, fonte de toda nutrição e abundância, convidamos você a dedicar um momento para honrar sua mãe.

Vamos reservar um minuto para reconhecer e agradecer pelo amor, pela proteção e pela nutrição que ela nos ofereceu, lembrando que, assim como a Terra, nossa mãe é e nossa primeira casa, chão e fonte de alimento e nutrição.

A mãe como amor: honrando as emoções que nos movimentam

Nossas mães, seres tecidos tanto de luz quanto de sombra, encarnam a humanidade em sua plenitude. 

Portanto, elas são nossas mestras das marés emocionais, navegando e guiando o universo familiar com uma sabedoria que transcende o verbo, comunicando-se através do vasto oceano dos sentimentos humanos.

A mãe, em sua essência, é a mais pura expressão do amor e suas emoções, cujos sentimentos, repletos de força e soberania, ecoam por toda a família. Na Índia, há um dito que ressoa essa verdade: “Se a mãe da casa não está feliz, ninguém estará.”

No alvorecer de nossas existências, a mãe é o princípio gerador bem como o amor fundamental que nos envolve em suas águas nutritivas. 

Mães são seres lunares

É crucial reconhecer, no entanto, que nossas mães são seres lunares, marcadas por ciclos, emoções e paixões que podem oscilar entre extremos, da agressividade à submissão, da paixão ao drama.

Foi no santuário do líquido amniótico materno que primeiro aprendemos a sentir, a navegar pelas águas das emoções humanas — alegria, raiva, tristeza, medo — e a buscar, na vida adulta, essas mesmas sensações através dos neuro-hormônios como ocitocina, serotonina, cortisol, adrenalina, entre outros.

As emoções, como águas, são fluidas e sem forma definida; elas se misturam, limpam e purificam, mas também podem ser avassaladoras, como um tsunami. 

Ao longo da vida, é necessário cultivar paciência e sabedoria para lidar conscientemente com as emoções bem como sentimentos que movem o mundo, aqueles que aprendemos a sentir no ventre de nossas mães.

Vale a pena, inclusive, aprofundar-se no estudo dessa origem dos nossos sentimentos, explorando as águas que moldam nosso ser e sentir desde o início da vida. 

Psicologia Perinatal

A Psicologia Perinatal nos oferece um olhar revelador sobre como as experiências e emoções vividas no ventre materno e nos primeiros momentos de vida influenciam profundamente nossa maneira de perceber o mundo e nos relacionar de maneira mais sábia tanto com amor como também com a dor.

Yemayá é a mais conhecida representação da maternidade nas águas isso porque é frequentemente invocada por proteção, amor e apoio, refletindo a ideia de uma mãe como fonte de conforto emocional e segurança. 

Portanto, Yemayá simboliza o amor maternal incondicional e a capacidade de nutrir o ser humano com amor, oferecendo força para superar as dores mais profundas.

Diante da imensidão do amor maternal, convido você a um momento de reflexão. Permita-se sentir e acolher as emoções transmitidas por sua mãe e assim reconhecer como sua primeira mestra de sentimentos.

Neste instante honramos a vastidão e a riqueza do amor maternal, essencial para aprendermos a sentir, amar e existir plenamente.

Mães são mestras: Honrar Mãe, Avó e as Ancestrais

Talvez você não saiba, mas uma parte de todos nós já estava sendo gestada dentro de nossas avós. Isso acontece porque nossa mãe, desde sua formação no útero de nossa avó, carregava todos os óvulos que um dia poderiam ser fecundados.

Assim, recebemos no DNA não apenas a informação genética, mas também uma parte da história vivida por nossa avó. Suas alegrias, tristezas, sonhos e medos são ecos que ressoam em nós, moldando quem somos e como sentimos o mundo à nossa volta.

A maternidade, com sua sabedoria ancestral, se transmite de geração em geração, não só através do DNA, mas também como uma forma de conhecimento, crenças e aprendizados. 

Nossas mães e avós, como primeiras mestras nos introduzem aos mistérios da vida, ensinando-nos a falar, a caminhar e a interpretar o mundo ao nosso redor.

Elas são as guardiãs dos conhecimentos que moldam nossos primeiros momentos, compartilhando palavras, direcionamentos, histórias, costumes, receitas e brincadeiras que nos conectam com nosso passado e orientam nosso futuro.

Busque lembrar aqui pelo menos três coisas maravilhosas que sua mãe transmitiu para você.

Para ilustrar a profundidade dessa transmissão de sabedoria que está nesse princípio maternal feminino temos Saraswati, a deusa hindu da sabedoria, das artes, da música e da aprendizagem.

Ela nos inspira a buscar o conhecimento, a entender profundamente o mundo e a nos conectar espiritualmente de maneira mais elevada. Saraswati, portanto, nos lembra que a sabedoria ancestral é como o ar, que se renova, transforma e se adapta com todo o tempo.

Ou seja, honrar a Mãe como Mestra significa reconhecer e valorizar o papel fundamental que nossas mães, avós e ancestrais desempenharam em nossa educação e formação. É também assumir a responsabilidade de sermos transmissores desses saberes para as próximas gerações.

Tomar a mãe: honrando a mãe como ela é!

Mãe além de tudo é também a cura, e cada história carrega sua própria essência, um tecido único de luz e sombra, entrelaçado com alegrias, desafios, vitórias e muitos aprendizados.

Existe em nossa história com nossa uma força que vai além das palavras, que pode nos libertar daquilo que limitou a nossa percepção dela e de nós mesmos. O aprendizado de “tomar a mãe” com disse o criador das Constelações Bert Hellinger.

Para aqueles de nós cujas mães ainda caminham ao nosso lado, surge o convite para mergulhar no olhar dela e enxergar mais do que a mulher que nos trouxe ao mundo.

É a chance de ver a menina que foi, a jovem em seus dias de descoberta, a guerreira que enfrentou tempestades, a sábia que acumulou conhecimento e amor.

Reconhecer em seu olhar as lutas travadas, os sonhos sonhados, as esperanças nutridas e, acima de tudo, o amor imensurável que ela conseguiu nos oferecer.

Para aqueles cujas mães já fizeram a passagem para outro plano, convido a sentir a presença delas na brisa que acaricia, no calor reconfortante do sol, na chuva que cai suave, como um afago.

Ela vive em você, ou seja, nas suas ações, nos valores que você carrega, no amor que você espalha pelo mundo. A memória dela é, portanto, um santuário sagrado, um refúgio onde você sempre encontrará conforto, orientação e força.

A maternidade como um chamado

Ser mãe transcende a biologia; é gerar amor, sabedoria e transformação. Todos nós, independentemente de gênero ou da capacidade de procriar, somos chamados a exercer a “maternidade”, ou seja, cuidar, nutrir, ensinar e proteger. 

Recebemos a convocação a zelar pelos que estão ao nosso redor, pelo planeta que habitamos e pelas futuras gerações que herdarão nossas histórias e nosso mundo.

Um convite à gratidão e à conexão

Neste instante, peço que feche os olhos e traga à mente a imagem de sua mãe, avó, tia ou qualquer figura materna que tenha deixado marcas profundas em sua vida. 

Direcione a ela seu amor, sua gratidão e seu reconhecimento por tudo o que ela representou e ainda representa em sua jornada.

Deixe que esse sentimento inunde seu ser, tocando cada parte de sua existência. Se possível, manifeste esse amor de forma tangível: com um abraço, uma mensagem, uma prece. 

E, se por algum motivo, isso não for possível, lembre-se de que o amor verdadeiro atravessa todas as barreiras, físicas e temporais, alcançando o coração daqueles a quem amamos, estejam eles aqui ou em outra dimensão.

Que possamos seguir com gratidão, amor e respeito, honrando o legado de todas as mães que nos precederam e preparando o caminho para aqueles que virão. Que a memória e o amor de nossas mães sejam a luz que nos orienta, hoje e sempre.

Com amor e profunda reverência, celebremos a eterna dança da maternidade, o milagre da vida que se renova a cada geração, e o amor que, eternamente, nos une.

Adriano Calhau

Adriano Calhau

Especialista em Psicologia Perinatal e Criador do Mapa do Nascimento®. Método que une Ciência e Autoconhecimento para iluminar a importância do início da vida e das histórias de nascimento na formação base da nossa identidade e senso de pertencimento. 

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