Maio Laranja: Como proteger a infância e reconhecer os sinais de abuso invisíveis
Aproveite o Maio Laranja para aprender a identificar sinais de abuso sexual infantil e também ajudar a proteger a infância
Por Andrea Leandro
O Maio Laranja é o mês dedicado à conscientização e prevenção do abuso sexual infantil, um problema grave que afeta milhares de crianças e adolescentes no Brasil.
Segundo dados da Fundação Abrinq, em 2022, das 62.091 notificações de violência sexual, mais de 45 mil vítimas tinham menos de 19 anos, representando 73,8% dos casos.
Por isso, o Maio Laranja é um momento importante para falar sobre como proteger a infância, identificar sinais de abuso e oferecer acolhimento às vítimas.
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A importância do Maio Laranja na preservação da infância
A infância é um período precioso que merece ser preservado com cuidado. Assim, quando uma criança sofre abuso sexual, as consequências podem durar a vida toda, afetando sua saúde emocional, mental e física.
Um dos grandes desafios é que muitos abusos ocorrem dentro de casa ou por pessoas próximas à família, dificultando a identificação e a denúncia.
Muitas vezes, a criança é enganada pelo abusador, que faz promessas falsas, ameaça consequências desagradáveis caso ela conte algo, ou insiste que ninguém acreditará nela.
É por isso que é fundamental que toda criança tenha ao menos um adulto de referência em sua vida — uma pessoa confiável que possa acolher suas falas, protegê-la e agir.
Como o adulto pode ajudar a criança
Quando o abuso acontece dentro do lar, a criança pode até tentar contar para alguém da família, mas nem sempre será acreditada ou protegida devido a vínculos econômicos ou emocionais.
Isso pode levar a criança a aceitar a situação, prejudicando sua autoestima e gerando sintomas como ansiedade, depressão, enurese noturna (xixi na cama) e regressão comportamental.
Além disso, sentimentos de culpa e vergonha dificultam ainda mais que a criança fale sobre o que está vivenciando. Por isso, adultos precisam estar atentos a sinais sutis, como a criança evitar determinadas pessoas ou locais.
O abuso sexual infantil pode ocorrer de diversas formas:
- contato sexual,
- exibição de material pornográfico,
- assédio sexual, entre outras.
Todas essas manifestações são igualmente prejudiciais.
Como acolher e agir durante o Maio Laranja
Quando uma criança decide contar sobre um abuso, é fundamental evitar perguntas que pressionem a revelar detalhes de imediato.
O adulto de referência deve oferecer uma escuta empática e acolhedora, sem julgamentos ou descrédito. Se não souber como agir, o melhor é buscar ajuda especializada, como psicólogas, assistentes sociais ou polícia especializada para orientar os próximos passos.
Abordar o tema com crianças exige sensibilidade, para que elas não se sintam culpadas ou rotuladas. A criança precisa ser ouvida e protegida, enquanto o agressor deve ser investigado.
O lar deve ser um espaço seguro, mas quando o silêncio impera em casa, a escola pode ser um lugar onde a criança se sinta segura para se abrir, seja com professoras ou coordenadoras pedagógicas.
O Maio Laranja também é momento para refletir sobre a importância da escola como espaço seguro, onde crianças podem se sentir à vontade para compartilhar seus medos e experiências.
Trabalho com a criança interior: cura e prevenção
Em alguns casos, a vítima só se dá conta do abuso sexual sofrido na infância durante a adolescência ou vida adulta. Isso porque muitas vezes, a mente bloqueia a memória para proteção emocional, e quando o trauma reaparece, pode causar crises intensas.
Nesses casos, o trabalho terapêutico com a criança interior é fundamental para elaborar a dor do passado e evitar que esse trauma gere sequelas permanentes na vida emocional da pessoa.
A terapia ajuda a reconstruir a história pessoal e fortalecer a autoestima, permitindo seguir adiante com mais tranquilidade.
Dica: “Salvando Chapeuzinho Vermelho”
Para apoiar o diálogo sobre abuso sexual infantil, realizei um bate-papo ao vivo com Claudine Bernardes, autora do livro Salvando Chapeuzinho Vermelho.
A obra, é um álbum ilustrado que usa a metáfora do conto tradicional para falar sobre abuso sexual infantil de forma cuidadosa e acessível.
No livro, o “casaco vermelho” representa o medo e a dor da criança abusada, e quando ela se sente acolhida, pode deixar a capa para trás.
A história evidencia que o “lobo” muitas vezes está dentro de casa e que o silêncio da criança gera uma sensação de abandono. Assim, quem nunca viveu abuso vê uma história; quem já viveu reconhece a dor e encontra esperança.
Além disso, a obra oferece também um material complementar para orientar como abordar o tema com as crianças, respeitando sua faixa etária, além de esclarecer conceitos importantes como segredos bons e ruins, e o direito da criança ao próprio corpo.
Leia também: Como resgatar a criança interior? Aprenda a cuidar da sua
Como falar sobre abuso sexual infantil com as crianças?
O silêncio em torno do abuso sexual infantil ainda é profundo e muitas vezes alimentado pelo medo, vergonha e desconhecimento dos adultos. Cuidar da infância, seja ela dos nossos filhos ou de outras crianças, é uma responsabilidade coletiva.
Aqui, algumas formas de tratar do assunto:
- Utilize livros e histórias apropriadas para a idade, como Salvando Chapeuzinho Vermelho.
- Explique a diferença entre segredo bom e segredo ruim. Por exemplo: segredo bom é quando um adulto pede para não contar sobre a festa surpresa que farão para o irmão. Já o segredo ruim é um adulto beijar a criança na boca e dizer para não contar para ninguém. Você pode dar vários exemplos e perguntar para as crianças o que acha de um e outro, se é segredo bom ou ruim.
- Ensine que o corpo da criança é inviolável e que ninguém tem permissão para tocá-la sem consentimento. Criança não tem maturidade para dizer sim ou não para essa ação.
Se não souber como agir ou precisar denunciar, no Brasil há o Disque 100, um canal gratuito para receber denúncias e orientar sobre como proteger crianças e adolescentes.
Precisamos promover uma comunicação saudável e respeitosa com crianças para que elas se sintam seguras para falar sobre o que está acontecendo com elas e assim evitar abusos e no caso de já ter ocorrido poder levar esperança e ajuda para que ela se sinta acolhida e respeitada.
FAQ – Perguntas frequentes sobre abuso sexual infantil
1. O que é o Maio Laranja?
O Maio Laranja é uma campanha anual dedicada à conscientização, prevenção e combate ao abuso sexual infantil e à violência contra crianças e adolescentes.
2. Quais ações são realizadas durante o Maio Laranja?
Diversas ações educativas, palestras, campanhas nas redes sociais, rodas de conversa e distribuição de materiais para informar e orientar sobre prevenção e acolhimento às vítimas.
3. Como posso participar do Maio Laranja?
Você pode ajudar compartilhando informações confiáveis, promovendo diálogos abertos com crianças e adultos, apoiando instituições que atuam na proteção infantil e denunciando situações suspeitas.
4. Como identificar sinais de abuso sexual infantil?
Fique atento a mudanças repentinas de comportamento, medo de certas pessoas, regressão em comportamentos, alterações no sono ou apetite, sintomas físicos inexplicados e isolamento social.
5. O que fazer se uma criança contar que está sofrendo abuso?
Escute com calma e sem julgamentos. Mas não pressione por detalhes. Procure ajuda profissional imediatamente para orientar os próximos passos.
6. Como prevenir o abuso sexual infantil?
Ensine às crianças sobre seus direitos, o que são segredos bons e ruins, incentive a comunicação aberta e mantenha um adulto de confiança sempre disponível para escutá-las.
7. O que é o trabalho com a criança interior?
É um processo terapêutico que ajuda adultos a lidarem com traumas da infância que foram bloqueados ou esquecidos, promovendo cura emocional e autoestima.
Andrea Leandro é Terapeuta Integrativa (Florais, Reiki, Gestão Emocional e Ginástica Cerebral), Consultora em Harmonização de Espaços (Feng Shui, Geobiologia, Mesa Radiônica e Radiestesia), Facilitadora de Círculos de Construção de Paz e dos Movimentos do Brain Gym® e Instrutora de Meditação e Yoga para Crianças e Adolescentes.
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