O Caminho do Guerreiro e Filosofia Zen: Uma Jornada Pessoal
Wagner Thiele fala sobre como o caminho do guerreiro se entrelaça à filosofia Zen, revelando uma jornada em busca de serenidade
Por Mariana Amaral
A Virada Zen 2025 nasce do encontro de muitas vozes que, assim como a minha, acreditam no poder do autoconhecimento e das práticas integrativas para transformar a vida. Por isso, é uma alegria receber aqui no Personare um texto de Wagner Thiele, terapeuta, empresário e palestrante, que une em sua trajetória a sabedoria oriental, o código samurai e o estudo do Zen.
No artigo que você vai ler a seguir, Wagner compartilha sua visão sobre como o caminho do guerreiro se entrelaça à filosofia Zen, revelando uma jornada milenar em busca de serenidade, plenitude e presença. Uma reflexão inspiradora para quem deseja integrar corpo, mente e espírito em seu cotidiano.
Que este texto seja um convite para você se abrir a essa experiência e já começar a sentir a energia que vamos viver juntos na Virada Zen 2025, em São Paulo.
✨ Boa leitura!
O Caminho do Guerreiro e Filosofia Zen
por Wagner Thiele
O Caminho do guerreiro e filosofia Zen se entrelaçam em uma busca milenar por iluminação e autoconhecimento, presente em diferentes culturas e tradições espirituais. No Japão feudal, essa jornada encontrou solo fértil na união entre a disciplina marcial e a prática meditativa.
Minha experiência pessoal, moldada pela formação samurai, pelo código de conduta do Bushido e pelas artes marciais do Budo, revelou a profunda conexão entre corpo, mente e espírito, conduzindo à compreensão do Zen.
Neste artigo, compartilho como a sabedoria dessa união – da espada à meditação – pode inspirar a viver com serenidade, plenitude e presença.
O Caminho do Guerreiro: Bushido e Budo
A formação samurai não era apenas um treinamento físico, mas uma imersão em um modo de vida guiado por um código de conduta rigoroso: o Bushido, ou “Caminho do Guerreiro”.
Suas raízes remontam ao período Kamakura e formalizam virtudes essenciais que um samurai deveria incorporar:
- Retidão (gi)
- Coragem (yu)
- Benevolência (jin)
- Respeito (rei)
- Honestidade (makoto)
- Honra (meiyo)
- Lealdade (chugi)
- Autocontrole (jisei)
Essas virtudes não eram apenas preceitos morais, mas pilares para a disciplina mental e espiritual necessárias para encarar a vida – e até a morte – com equilíbrio.
Paralelamente ao Bushido, a prática do Budo (artes marciais japonesas modernas) transcendia a técnica de combate. Termos como Kendo (caminho da espada), Judô (caminho suave) e Karatê (mãos vazias) não representam apenas estilos de luta, mas verdadeiros “caminhos” de desenvolvimento pessoal e espiritual.
O Budo busca aprimorar não só as habilidades marciais, mas também o caráter, a disciplina e a conexão com o universo.
A repetição exaustiva de formas (kata) e a busca pela perfeição técnica visam alcançar um estado em que a ação se torne instintiva e fluida – um prenúncio da mente Zen.

Ken Zen Ichi Nyo: A Espada e o Zen São Um Só
A interconexão entre as artes marciais e o Zen é resumida na filosofia Ken Zen Ichi Nyo – “A Espada e o Zen são Um Só”. Essa máxima reflete a ideia de que a prática marcial, quando permeada pelos princípios do Zen, se torna um caminho para a iluminação.
Um dos maiores expoentes dessa visão foi o monge Zen Rinzai Takuan Sōhō (1573-1645), conselheiro de samurais e figura influente na cultura japonesa.
Em sua obra A Mente Imóvel (Fudōchi Shinmyōroku), Takuan ensina que a mente do guerreiro deve estar livre de hesitação e apego, fluindo como a água.
A técnica deve ser treinada até se tornar uma segunda natureza, permitindo que a ação surja de forma espontânea e sem intervenção do intelecto. Esse estado de “não-mente” (mushin) é central para o Zen e para a maestria marcial.
Quando a espada é manejada com uma mente livre e desimpedida, ela se torna extensão do espírito, e guerreiro e espada se fundem em um só. A forma, nesse contexto, não é um fim, mas um meio para atingir fluidez e espontaneidade perfeitas.
Zazen: O Encontro com o Vazio e a Plenitude
Se a espada e o Zen são um só, o Zazen – meditação sentada do Zen – é o portal para essa união. É na quietude do Zazen que o praticante busca o encontro com o vazio (sunyata), não como ausência, mas como essência de todas as coisas, onde a plenitude reside.
O Zazen é um mergulho na própria consciência, liberando distrações e permitindo que a verdadeira natureza do ser emerja.
A iluminação, aqui, não é um evento distante, mas uma revelação simples: perceber que a plenitude está presente em cada instante – na respiração, no som do vento, na luz que entra pela janela.
Essa experiência de satori dissolve a dualidade e revela a unidade. A serenidade cultivada no Zazen e na disciplina do caminho do guerreiro cria terreno fértil para a paz e a clareza que transcendem as dificuldades da vida.
O Zen no Cotidiano: Plenitude em Cada Instante
Você não precisa empunhar uma espada para viver a profundidade do Zen. Sua essência está na atenção plena e na imersão no momento presente, em qualquer atividade.
Como integrar o Zen na vida diária:
- Atenção plena nas tarefas simples – Transforme atividades rotineiras em meditações. Lave a louça sentindo a temperatura da água e o som corrente. Caminhe percebendo o chão, o vento e as cores ao redor.
- Respirar conscientemente – Use a respiração como âncora para o presente, sentindo o ar e o movimento do corpo.
- Observar sem julgar – Experimente olhar para situações e pessoas sem rotular ou criar expectativas.
- Aceitação e desapego – Compreenda que a vida é fluxo e que resistir ao que é gera sofrimento.Encontrar beleza na simplicidade – Veja o extraordinário no comum: um raio de sol, uma flor, um sorriso.
- Ação com propósito – Aborde tarefas com foco e intenção, como o samurai que maneja sua espada.
- Silêncio e quietude – Busque momentos de calma, seja em meditação formal ou simplesmente sentado, apenas sendo.
O Zen não é um destino, mas um caminho. Ao trazer presença para cada ação, você estará vivendo o Caminho do guerreiro e filosofia Zen na essência: descobrindo a iluminação na simplicidade da serenidade do espírito.
No absoluto silêncio… pensar provoca ruídos.
Publicitária e articuladora cultural, Mariana Amaral é idealizadora da Virada Sustentável e da Virada Zen, iniciativas que transformam o espaço urbano por meio da arte, do bem-estar e da consciência coletiva, com projetos inovadores e regenerativos.
Saiba mais sobre mim- Contato: mariana@viradazen.com.br
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