Por que meus relacionamentos sempre dão errado?

Você sente que está sempre vivendo os mesmos problemas nos relacionamentos? Ou parece que seus relacionamentos sempre dão errado? Talvez seja hora de observar com mais atenção as lentes pelas quais você enxerga o mundo. 

Identificar o que leva à autossabotagem nos relacionamentos pode ser o primeiro passo para transformações profundas. Nossas experiências passadas e crenças moldam a forma como nos conectamos — muitas vezes sem que a gente perceba.

O resumo deste conteúdo:

• Nossas experiências e crenças criam lentes de realidade que distorcem nossa percepção;
• Essas lentes influenciam pensamentos e comportamentos que sabotam vínculos afetivos;
• Até experiências positivas, se mal compreendidas, podem gerar padrões destrutivos;
• É possível transformar esses padrões e construir relacionamentos mais saudáveis.

Por que meus relacionamentos sempre dão errado?

Essa é uma pergunta que muita gente se faz em algum momento da vida. A resposta pode estar nas lentes de realidade: filtros criados pelas experiências que vivemos, principalmente na infância, e pelas crenças que adotamos sem perceber.

Quando essas lentes estão distorcidas, elas podem criar padrões de pensamentos, de emoções e de comportamento que sabotam nossos relacionamentos.

Assim, se você experimenta a repetição de medos, inseguranças, ansiedades, situações desagradáveis e hábitos nocivos, isso se refletirá de maneira clara ou mais sutil em diferentes áreas da sua vida, incluindo os relacionamentos que dão errado.

Exemplo prático:

• Uma pessoa que cresceu em um ambiente difícil, onde pais e avós passaram por privações materiais, pode ter aprendido que os aspectos afetivos eram secundários, muitas vezes até suprimidos. Afinal, quando a vida é dura, não há tempo nem espaço para sensibilidades. 
• O problema é que, ao abrir mão da vulnerabilidade, essa pessoa também abre mão da alegria e do afeto.
• Ser “durão” passa a ser sinônimo de força e algo a ser valorizado. A sensibilidade, por outro lado, torna-se desconfortável, um sinal de fraqueza ou motivo de vergonha. 
• Assim, mesmo que essa pessoa alcance uma vida material confortável, case-se com alguém carinhoso e tenha filhos afetuosos, pode continuar agindo com certa rigidez emocional, preocupando-se excessivamente com estabilidade financeira e com o medo de faltar algo para sua família. 
• Ou seja, sua antiga realidade continua ditando sua vida e seus relacionamentos, mesmo sem uma necessidade real no presente.

Lentes positivas também podem te sabotar

Nem sempre os padrões vêm de traumas. Às vezes, os problemas em um relacionamento vêm de lentes que parecem positivas, mas que, na prática, são excessivas ou mal interpretadas.

Por exemplo, alguém que teve pais muito amorosos, mas superprotetores, pode esperar esse mesmo comportamento em seus relacionamentos afetivos. Afinal, esse é o referencial normal dela. 

Mas, na prática, essa lente pode gerar comportamentos controladores, ansiosos e inseguros. A pessoa se desgasta com todo esforço e dedicação aos outros, enquanto esses podem gostar e se aproveitar ou, por outro lado, sentir-se sufocados.

Amor, carinho, dedicação ou qualquer outra coisa positiva, quando em excesso, se torna tão nocivos quanto sua falta.

Eu Machucado: como nossas feridas moldam vínculos

As distorções das lentes de realidade são originadas nos padrões aprendidos e herdados, ou em experiências negativas que ficam gravadas como dor ou distorção (como no caso das lentes que parecem positivas) em nossos corpos físico, emocional, mental e espiritual — muitas vezes sem que tenhamos consciência disso. 

Elas são consequência do que chamo de Eu Machucado: uma parte interna que guarda dores e memórias distorcidas, que influenciam diretamente o modo como você se conecta com o outro.

Como as lentes de realidade afetam seus relacionamentos

Lentes de realidade profundas formam nossa base de percepção do mundo, determinando os caminhos pelos quais nossa vida acontece em todos os aspectos.

• Lentes saudáveis levam a uma vida mais leve, fluida e natural, com uma sensação de “sorte”. Quem as possui ou as desenvolve consegue olhar para qualquer situação com gratidão e vê os desafios como oportunidades de aprendizado e evolução.
• Lentes distorcidas levam a mais dificuldades, bloqueios e sensações de “azar”, pois interpretam a vida a partir do medo, da falta e da insegurança. Muitas vezes, justificamos essa visão dizendo que \”essa é a realidade\”, sem perceber que a realidade sempre passa pelo filtro subjetivo de nossas lentes individuais.

A boa notícia é que podemos mudar nossas lentes de realidade. Embora seja comum enxergar a vida pelas lentes negativas, cabe a cada um de nós escolher mudar esse hábito.

Por que é difícil mudar nossas lentes?

Conscientizar-se de suas lentes distorcidas e mudar seu pensamento é um primeiro grande passo, mas é preciso ir além para mudar as situações na prática.

Nosso cérebro é treinado para seguir o que é familiar, que representa segurança. Por mais estranho que pareça, sem que percebamos, buscaremos o familiar, ainda que signifique algo nocivo, tóxico ou desagradável. 

Isso explica por que algumas pessoas se sentem atraídas por relacionamentos destrutivos ou se sabotam quando estão prestes a alcançar algo positivo. Seu corpo, de maneira inconsciente, busca o que já conhece.

O medo da felicidade ou a autossabotagem diante de oportunidades podem estar ligados ao medo da perda, ou ao receio de enfrentar o desconhecido, que o corpo interpreta como perigo.

Para transformações reais e parar se achar que seus relacionamentos dão sempre errado é preciso ensiná-lo que é seguro vivenciar novas experiências saudáveis.

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