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Conheça as 7 etapas do processo terapêutico

Descubra as 7 etapas do processo terapêutico baseadas na metáfora alquímica, e como influenciam seu caminho de transformação

Atualizado em

A vida não nos transforma – ela nos revela. Camada após camada, crise após crise, o que parecia sólido se desfaz, e o que julgávamos perdido ressurge sob nova forma. O processo terapêutico é assim: não é um caminho com começo, meio e fim, mas uma espiral sagrada que percorremos por toda uma existência.

A alquimia é uma metáfora poderosa para este caminho, e por isso, usamos suas etapas para descrever o processo de transformação interna vivido na Psicoterapia.

Como saber onde você está? 

A verdade é que você sempre estará em vários lugares ao mesmo tempo. Algumas partes de sua alma ainda fumegam nas chamas da Calcinação, enquanto outras já flutuam serenas na Sublimatio

Eis o paradoxo do ser humano: somos simultaneamente cinzas e fênix.

Neste artigo, você conhecerá as 7 etapas do processo terapêutico, baseadas na metáfora alquímica, e aprenderá como influenciam seu caminho de autoconhecimento, cura e transformação.

O Processo Alquímico: Uma Cartografia da Alma

A alquimia nunca foi sobre chegar – sempre foi sobre tornar-se. Nas palavras de Jung: “Não há transformação sem fogo”. E esse fogo não se apaga. Ele arde em ciclos, consumindo nossas máscaras sempre que uma nova verdade pede passagem.

Na psicoterapia, essas etapas não são degraus, mas estações da alma. Você não “supera” uma fase – você a integra, carregando sua sabedoria enquanto novas camadas de transformação se iniciam.

1. Calcinação (O Fogo que Purifica)

  • Sinais: Sua vida pega fogo. Afetos tomando o espaço de forma descontrolada. Relacionamentos, carreiras, identidades – tudo o que era rígido se reduz a pó.
  • Convite: Entregar-se à combustão. Só na total destruição, o verdadeiro eu pode emergir, tem hora que é preciso queimar, mesmo que isso doa.

2. Solutio (O Grande Dissolver)

  • Sinais: Lágrimas que não cessam. Sonhos antigos e formas de pensar e viver se dissolvendo como sal no mar. Uma estranha fluidez mesmo na dor.
  • O Convite: Deixar-se dissolver. A água não questiona seu curso – ela simplesmente flui, é preciso adaptar-se.

3. Coagulação (O Primeiro Sopro de Vida Nova)

  • Sinais: Pequenos gestos cotidianos ganham novo significado. Uma força silenciosa começa a se organizar dentro de você.
  • O Convite: Honrar o novo que brota – mesmo que ainda frágil, mesmo que ainda sem nome.

4. Mortificatio (A Noite Escura da Alma)

  • Sinais: Um luto que parece infinito. A sensação de que algo (ou alguém) dentro de você precisa morrer.
  • O Segredo Sagrado: Toda morte na alma é um parto disfarçado.

5. Sublimatio (A Visão do Alto)

  • Sinais: De repente, você entende. O caos tinha um padrão. A dor tinha um propósito. Conseguir acessar o observador interno e enxergar tudo do alto.
  • A Revelação: Nenhum sofrimento foi em vão. Você estava sendo tecido em silêncio.

6. Separatio (O Grande Desapego)

  • Sinais: Já não suporta o que antes aceitava. Sabe, no corpo, o que é seu e o que foi imposto.
  • O Ato de Coragem: Deixar ir o que não lhe serve mais – mesmo que doa, mesmo que assuste.

7. Coniunctio (O Retorno a Si Mesmo)

  • Sinais: Momentos de graça onde você se sente inteiro. Não perfeito – mas completo.
  • A Verdade: Esta não é uma etapa final, mas um respiro entre ciclos. Amanhã, o fogo começará novamente.

Por que caminhar só quando se pode ser acompanhado?

A Psicoterapia não acelera esse processo terapêutico – nada pode. Mas ela ilumina o caminho, mostrando que:

  • Sua dor tem nome e significado
  • Seu caos tem uma ordem oculta
  • Você não está perdido, apenas em transformação

Essa é a alquimia da vida: uma dança infinita entre destruição e renascimento. 

  • Quantas vezes precisaremos morrer e renascer? 
  • Quantas calcinações ainda nos aguardam? 

Não importa. O que conta é seguir caminhando — com coragem, com curiosidade, e sobretudo, com compaixão por aquela parte de você que ainda treme nas sombras.

Portanto, se hoje você só enxerga cinzas, lembre-se: toda transmutação começa no escuro. E se precisar de uma lanterna nessa travessia, a psicoterapia pode ser seu farol.

Conclusão

O processo terapêutico não é linear — ele é uma espiral de transformação. Por isso, não importa onde você esteja, o importante é continuar o caminho, abraçando cada etapa com curiosidade e coragem. 

A psicoterapia é uma jornada de autodescoberta e cura, e a cada novo ciclo, você se aproxima mais de quem você é, verdadeiramente.

Para conhecer mais sobre este assunto:

Araiê Berger

Araiê Berger

Mestre em Ensino nas Ciências da Saúde e especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, com mais de 14 anos de experiência em psicoterapia clínica e supervisão de psicólogo, presencial e online. Dedica-se a temas como sonhos, simbologias e a compreensão profunda da psique humana por meio da psicologia analítica.

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