Especial 2º semestre

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Significado das doenças na visão sistêmica: o que seu sintoma pode revelar

Descubra o significado das doenças como enxaqueca, bulimia, insônia, depressão e outras de acordo com a visão sistêmica

Atualizado em

O significado das doenças na visão sistêmica busca compreender como sintomas físicos podem estar relacionados a questões emocionais, psicológicas e transgeracionais.

Essa abordagem amplia o olhar tradicional, incluindo também a perspectiva familiar e os padrões inconscientes que se repetem ao longo das gerações.

Mas associar o significado das doenças físicas a questões internas não é uma ideia nova. A homeopatia e a psicossomática já apontam caminhos para enxergar as doenças como expressões de conflitos emocionais não resolvidos.

A psicoterapia sistêmica amplia esse entendimento ao observar que muitas pessoas, sem perceber, carregam lealdades, dores e destinos que não são seus — um fenômeno chamado emaranhamento sistêmico.

Assim, a partir dessa perspectiva, sintomas podem surgir como tentativas do sistema familiar de restaurar o equilíbrio, revelando exclusões, segredos ou desordens emocionais que precisam ser vistos com amor e consciência.

O que é a visão sistêmica sobre as doenças?

A visão sistêmica, inspirada em abordagens como a psicoterapia sistêmica e a psicossomática, propõe que os sintomas físicos possam revelar dinâmicas emocionais ou familiares não resolvidas.

Ao invés de focar apenas na eliminação da dor, ela convida a observar o que está por trás do sintoma.

É um olhar que entende o ser humano como parte de um sistema: familiar, social e transgeracional.

Muitas vezes, uma dor que surge no corpo pode estar conectada a lealdades invisíveis, exclusões familiares ou conflitos não elaborados herdados ao longo das gerações.

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O que são emaranhamentos sistêmicos?

Na abordagem sistêmica, chamamos de emaranhamento quando uma pessoa, inconscientemente, assume sentimentos, dores ou destinos que não são seus — normalmente, ligados a membros anteriores da família.

Esse emaranhamento pode levar ao surgimento de doenças como forma de compensação, lealdade ou busca de pertencimento dentro do sistema familiar. Ou seja: o corpo passa a expressar aquilo que emocionalmente não pôde ser elaborado.

Qual o papel das chamadas leis sistêmicas?

A abordagem sistêmica se apoia em três princípios fundamentais — conhecidos como leis sistêmicas ou Ordens do Amor:

  1. Pertencimento: todos têm direito ao seu lugar no sistema familiar
  2. Ordem: há uma hierarquia natural baseada na ordem de chegada (pais antes de filhos, por exemplo)
  3. Equilíbrio entre dar e receber: relações saudáveis buscam uma troca equilibrada

Mas quando essas ordens são desrespeitadas, podem surgir sintomas que apontam para a necessidade de restaurar o equilíbrio.

Significado das doenças

A seguir, veja exemplos de doenças e sintomas comuns sob o olhar da visão sistêmica. Lembre-se: cada história é única, e essas são apenas possibilidades de reflexão, não diagnósticos.

Ou seja, considere um ponto de partida para quem desejar fazer uma reflexão mais profunda a respeito de algum sintoma específico que o acompanha. Todos os processos descritos são movimentos inconscientes.

Cefaleia ou enxaqueca

Pode indicar amor represado, especialmente quando há dificuldade de aceitação de um dos pais. A pressão interna gerada por esse conflito pode se manifestar como dor de cabeça intensa.

Esquizofrenia

Geralmente está ligada a uma morte encoberta no sistema familiar, muitas vezes um assassinato. A pessoa com o transtorno expressa a dor que o sistema não pôde elaborar.

Nesse sentido, segundo a visão sistêmica, é necessário incluir no coração tanto a vítima quanto o agressor, sem julgamentos.

Bulimia ou anorexia

A bulimia pode ter relação com um conflito entre pai e mãe — por exemplo, quando a mãe rejeita o pai. O filho, por lealdade, “come” pela mãe e “vomita” pelo pai.

Em ambos os casos, pode haver também um impulso de seguir alguém na morte, como tentativa inconsciente de salvar o sistema.

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Insônia

Frequentemente ligada a uma vigilância excessiva, geralmente em relação à figura materna. Assim, pode haver um medo inconsciente de que algo ruim aconteça com um membro da família durante o sono.

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Depressão

Costuma surgir quando a pessoa faz algo pelos pais ou os rejeita, saindo do seu lugar no sistema. Nesse sentido, a depressão pede que se restabeleça a ordem natural: os pais vêm antes, e os filhos são pequenos diante deles.

Vícios

Podem representar a busca por um pai excluído, ou por outro homem importante no sistema. Em alguns casos, há o desejo inconsciente de seguir alguém na morte ou de compensar uma exclusão.

Fibromialgia

Em relatos clínicos dentro da visão sistêmica, observa-se que mulheres com fibromialgia frequentemente carregam raiva reprimida.

Assim, pode ser raiva de um dos pais ausente, de um parceiro que causou dor ou até uma raiva herdada de uma mulher anterior no sistema — como uma ex-parceira do pai.

Hipertensão

Relacionada a amores que precisaram ser reprimidos, principalmente após a perda de um dos pais ou eventos traumáticos.

Por exemplo, um filho que precisa “assumir o lugar do pai” após sua morte pode reprimir a dor e desenvolver tensão interna, expressa como hipertensão.

O que fazer diante de um sintoma?

Agora que você entendeu o significado das doenças, caso sofra de alguma ou perceba algum sintoma, a visão sistêmica sugere:

  • Olhar para o sintoma com respeito, sem tentar apenas eliminá-lo.
  • Integrar o tratamento médico tradicional com acompanhamento terapêutico.
  • Buscar apoio de um(a) terapeuta com abordagem sistêmica, que possa ajudar a revelar a dinâmica oculta por trás do sintoma.

Um bom profissional não buscará “curar” o sintoma a qualquer custo, mas sim compreendê-lo como parte de um processo maior, que envolve o sistema familiar e as leis que o regem.

Ao integrar aquilo que foi excluído, o sintoma pode, enfim, cumprir seu papel e se retirar em paz.

Maria Cristina Gomes

Maria Cristina Gomes

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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