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Empreendedorismo materno: quando mães vão à luta

Por mais tempo com filhos, mulheres buscam trabalhos flexíveis e rentáveis

Atualizado em

Você já ouviu falar em empreendedorismo materno? Esse artigo vai lhe ajudar a saber um pouco mais sobre esse fenômeno, que mesmo ainda tão recente no nosso país, tem crescido a cada dia e mudado a realidade de muitas famílias Brasil afora.

Vamos começar pelo termo “empreendedor”, que segundo o site do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é definido como “aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, quem realiza antes, que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação”. Seguindo este raciocínio, a professora Maria Inês Felippe, em seu suplemento Empreendedorismo, defende a ideia de que o empreendedor, em geral, é motivado pela autorrealização e pelo desejo de assumir responsabilidades e ser independente.

Já o empreendedorismo materno, segundo o site Maternarum, “está relacionado às transformações que dizem respeito ao eixo profissional da mães, provocadas pela maternidade ou deflagradas a partir dela. A mãe empreendedora pode exercer uma nova atividade ou voltar ao seu antigo trabalho, mas buscando novas formas e um novo volume de dedicação”.

A verdade é que nenhuma mulher sai ilesa do processo da maternidade, muitas conseguem se aproximar das suas vidas de antes, mas outras tantas acabam transformando por completo seu cotidiano em todos os âmbitos, principalmente o profissional.

Falta de apoio torna ambiente de trabalho hostil para mulher

E os questionamentos da mulher em relação à carreira muito têm a ver com um modelo ultrapassado e sexista praticado pela esmagadora maioria das empresas, que não acolhe a profissional após a maternidade e parece desconhecer uma realidade que faz parte da vida de todos nós. Afinal de contas, todos nasceram de uma mãe.

Essa falta de apoio com a mulher passa por questões como:

  • Tempo curto de licença-maternidade que não privilegia nem o período mínimo de 6 meses de amamentação exclusiva, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
  • Falta de estrutura dentro das empresas para receber as mães lactantes, que muitas vezes usam os banheiros para ordenhar seu leite
  • Tratamento desigual entre homens e mulheres, as quais ainda possuem menores salários
  • Preconceito na hora de admitir ou promover a mulher pelo simples fato de ser mulher
  • Horário rígido para a mulher cumprir no trabalho, que por sua vez não consegue dormir direito no primeiro ano de vida do bebê
  • Absoluta falta de empatia com a mulher

Tudo isso torna o ambiente de trabalho cada vez mais hostil para muitas mulheres após a maternidade. Essa é uma realidade triste, mas ao mesmo tempo positiva, pois são destes questionamentos que ocorrem as grandes transformações, como o empreendedorismo materno.

Vivemos uma nova revolução feminina, na qual as mulheres querem, sim, se tornar independentes e produtivas economicamente, mas sempre buscando conciliar um equilíbrio entre carreira, maternidade e realização. Estamos falando de mulheres que querem ter mais tempo com seus filhos ou uma rotina mais flexível, que torne possível uma participação mais ativa na criação e educação da cria.

Estamos falando de mulheres que querem ter mais tempo com seus filhos ou uma rotina mais flexível, que torne possível uma participação mais ativa na criação e educação da cria.

Além disso, elas buscam a possibilidade de trabalhar com algo que realmente faça sentido nas suas vidas e que seja rentável.

À medida que esse movimento toma força, todos ganham! Ganham as mulheres que estão buscando um novo sentido para suas vidas, os filhos que serão beneficiados diretamente com uma participação mais ativa das mães, as famílias, a sociedade em geral, além das empresas que com a evasão das mulheres futuramente terão a oportunidade de se reinventar e mudar esse modelo tão ultrapassado que não considera as necessidades do período inicial pós-maternidade.

Como comecei meu empreendedorismo materno

Antes de falar sobre as questões práticas do empreendedorismo materno, gostaria de compartilhar resumidamente minha experiência com o assunto.

Sou psicóloga, coach, consultora de carreira e mãe do Antonio de 1 ano e 5 meses. A minha decisão de mudar chegou quando comecei a planejar a minha gravidez e percebi que na vida corrida e na carreira que até então me realizavam não tinha espaço para a chegada de um filho da maneira que eu desejava. E foi assim que resolvi deixar para trás uma carreira corporativa na área de Recursos Humanos e passei a trilhar meu próprio caminho.

Desde então, venho me dedicando a apoiar a transformação de outras pessoas que, assim como eu, passaram a questionar suas vidas, buscando um novo caminho de realização e propósito. Atendo todos os tipos de pessoas, mas desde que o Antonio nasceu, me envolvi em projetos voltados para a reinserção da mulher na sociedade pós-maternidade, através de atendimentos individuais, palestras, coaching, workshops, rodas de conversas e iniciativas que apoiam e ajudam a mulher nesse caminho.

E é por isso que estou aqui escrevendo para vocês, com conhecimento de causa. Não só pelo que venho acompanhando nos atendimentos que presto às minhas clientes, mas principalmente em minha própria experiência pessoal.

8 dicas para mães empreendedoras

Agora que você conhece um pouco minha história, compartilho abaixo 8 dicas que considero importantes sobre esse tema e que podem ajudar as mulheres a colocarem em prática o empreendedorismo materno.

1 – Encontre seu caminho

Se você está lendo esse artigo, se interessou pelo assunto e tem vontade de empreender, mas não faz ideia do que fazer, seguem algumas dicas nesse sentido:

  • Inspire-se em casos reais que deram certo
  • Descubra mais sobre você – Busque se conhecer e questionar sobre o que faz sentido pra você. Uma pergunta que gosto de fazer nos workshops que ministro é: “o que você faria de graça?”.E
  • Descubra seus talentos – Pergunte aos amigos próximos e familiares sobre seus pontos fortes.
  • Busque apoio nos amigos e família – Converse com as pessoas que você confia e que apoiarão seu sonho.
  • Tenha um propósito – Isso serve para tudo na vida de qualquer pessoa. Ter um propósito significa enxergar aquela luz no fim do túnel, aquilo que fará com que o sacrifício valha a pena.

2 – Não confunda empreendedorismo materno com venda de produtos ou serviços ligados à maternidade

Muitas mulheres confundem empreendedorismo materno com a venda de produtos ou serviços ligados à maternidade, o que é um grande equívoco. Conforme dito no início do texto, empreendedor é aquele que sai da área do sonho e parte para a ação. E o empreendedorismo materno preconiza que essa ação tenha sido provocada ou deflagrada pela maternidade.

Eu, por exemplo, antes mesmo de atender mães, já me considerava uma empreendedora materna, uma vez que a maternidade provocou todas essas reviravoltas na minha vida profissional. Ou seja, se você é mãe e tem um sonho engavetado, sente essa necessidade de mudar e conciliar maternidade e carreira, basta partir para ação com o intuito de se tornar uma empreendedora materna. Independente da sua atividade profissional.

3 – Você não vai trabalhar menos

Muitas mulheres, ao optarem por esse caminho, possuem uma crença equivocada de que irão trabalhar menos e isso nem de longe é verdade. Conciliar afazeres domésticos, cuidados com os filhos, vida pessoal e trabalho não é uma tarefa nada simples. Tendo isso mapeado, as chances de se frustrar caem drasticamente e as possibilidades de se adequar a esse modelo ganham um novo espaço.

4 – Não tente fazer isso sozinha

Essa frase é muito usada das mães para com os filhos, mas nesse caso aqui a frase é de mãe para mãe mesmo. Sim, mães precisam de ajuda. Principalmente as empreendedoras que acumulam multifunções, como alguém que é, ao mesmo tempo, administradora, vendedora, profissional de marketing, responsável pelo relacionamento com clientes e ainda por cima mãe, esposa e mulher. Isso até pode funcionar de alguma forma, mas chega um ponto em que o apoio e a ajuda tornam-se extremamente necessários para que tudo dê certo.

E como a maioria das mães tem mania de achar que dá conta de tudo sozinha, essa dica aqui deveria ser como um mantra na vida dessas mulheres. Portanto, peça ajuda sempre! Seja para o apoio logístico do próprio negócio, no dia a dia em casa e com os filhos, ou na figura de um mentor.

5 – Administre seu tempo

Trabalhar em casa é complexo e requer muita disciplina. Portanto, é essencial que exista uma administração do tempo. Para isso, estipule horários para focar no trabalho. Não misture as tarefas domésticas com os cuidados com os filhos ou as atividades profissionais. Esse é um dos maiores equívocos que as mães cometem. A mulher que “faz tudo ao mesmo tempo” acaba tendo uma produtividade baixíssima, seu dia não rende e ela percebe que não conseguiu realizar o que precisava. Não caia nessa armadilha! Você ficará estressada, não conseguirá produzir e se sentirá frustrada.

6 – Planeje-se

Planejamento é essencial. Você pode fazer isso criando um plano de negócios, que será seu grande orientador. Além disso, crie metas de tempo e dinheiro para conseguir “respirar”, estipule um valor de reserva financeira para as emergências durante o período de maturação do novo negócio. Repense suas prioridades e corte os gastos supérfluos.

7 – Pratique Networking

Estar em rede é fundamental para o sucesso de qualquer negócio. Portanto, valorize isso e busque se relacionar com seu público, com formadores de opinião e potenciais parceiros. Participe dos eventos da sua área de atuação. Juntos podemos mais!

8 – Profissionalize seu negócio

Muitas mães não conseguem emplacar pelo simples fato de não se colocarem como profissionais. Misturam o fato de serem mães “justificando” suas falhas, como se isso fosse justificável. Não importa, para os nossos clientes, quantos filhos temos e quão atribulada é a nossa vida. Para conquistar o respeito e a confiança do mercado, temos que ser profissionais. Se informe, se especialize, cumpra seus prazos, saiba a hora de dizer “não”, busque regulamentar seu negócio e seja o melhor que puder ser. Tenha em mente que você pode sempre mais. Portanto, vá à luta e realize seus sonhos. Você é capaz!

Amanda Figueira

Amanda Figueira

Psicóloga, com formação em Psicologia Parental, Constelação Familiar, Terapia Sistêmica Vivencial, Terapias Energéticas (Pranic Healing e Reiki), Coaching de vida e carreira, entre outras.

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