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Mãe Terra, a energia máxima do feminino: entenda a história de Pachamama

Conectar-se e reconhecer a Terra como nosso mãe traz senso de reverência aos que recebemos dela

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Em muitas tradições ao longo dos tempos, encontramos referências à Mãe Terra, em seus mais diversos nomes, representando a fertilidade, a maternidade e a criação, o grande ventre sagrado de onde viemos e para onde iremos retornar quando deixarmos a nossa existência atual. A Mãe Terra é aquela que sustenta tudo que existe, todos os seres e toda sua criação, em diferentes cores, saberes, texturas, cheiros e formatos, conforme mostra sua grandeza por meio das diferentes estações. Conectar-se e reconhecer a Terra como nosso mãe traz senso de reverência aos que recebemos dela, sua nutrição e seu acolhimento.

Lembramos que ela é nosso lar e que tudo que chega até nós, vem dela. Traz cuidado com o nosso meio-ambiente e nosso ecossistema, pois tudo que está contido na natureza, todos seus elementos e ciclos, também estão contidos dentro de nós. Conectando-se com a fonte primeira, despertamos a sincronicidade com a natureza dentro de nós com a natureza abundante fora. As mais antigas representações da Mãe são na forma daquela que nutre e que é abundante. Por isso foi encontrado tantos símbolos de círculos e espirais, tanto nas cavernas como nas próprias imagens e estátuas das deusas. Representando o planeta terra que é circular e o aspecto circular e cíclico da vida da Terra e na Terra.

Mãe Terra e seus muitos nomes e formas

A Mãe Terra é conhecida por muitos nomes e formas como: Gaia, Gea (ou Rhea)/ Terra Mater, Pachamama, Pritivi, Mahimata, Danu, Erce (ou Erda), Mulher Aranha, Mulher Mutante, Nerthus, Haumea, Mayca Vlazna Zemlja (ou Syra Zemia), entre tantas outras. Os símbolos universais da Mãe Terra são a gruta, associado ao seu ventre, remetendo ao seu poder de nascimento e regeneração e acolhimento. Dizia-se que era por ali que tudo veio a ser, através das crateras e grutas da Terra.

Na tradição hindu, muitos templos e locais de peregrinação foram criados em grutas e cavernas, como as grandes yogins ou representação do aspecto do feminino. Nos templos das Ilhas de Malta e Gozo eram comum o método de se deitar sobre o corpo da Mãe Terra, em busca de cura e mensagens através dos sonhos, reconexão com a sabedoria da Terra, os seres dos outros planos e com os ancestrais.

Mãe Terra: a força máxima do feminino

Pachamama é reverenciada por toda a América Latina, especialmente na Bolívia, Peru, Equador e na Argente, como uma força suprema. Que tanta é a terra em si como a energia máxima do feminino. Ela reúne em si os poderes maternos (como Mama) e é a doadora dos alimentos e dos atributos do tempo e do universo (como Pacha). De origem aymará, ela é a deidade suprema dos indígenas nativos, honrada como Mãe – das montanhas e dos homens, Senhora – dos frutos e rebanhos, Guardiã – contra pragas e geadas, Protetora – nas viagens e caçadas, Padroeira – da agricultura e tecelagem.

Ela pode ser o dragão abaixo das montanhas causando os terremotos ou uma anciã que vive na floresta ou como o próprio corpo da terra. Independente da forma como ela foi e ainda é vista, ela é a lembrança de algo muito maior e de tudo aquilo do qual fazemos parte.

Para mim, falar em Pachamama é lembrar que faço parte de algo maior. Que tudo está interligado. Que pertencemos a esta Terra e que ela é nossa mãe. E sendo nossa mãe, oferta-nos tudo que necessitamos diariamente para vivermos bem e em plena abundância. Ela nos oferta diariamente vida. Porém, quando esquecemos disso ou queremos tomar a vida toda para si, em egoísmo e ganância, contribuímos para o declínio e destruição de algo tão belo que não existe só para nós, mas para todos.

Mãe Terra está dentro de cada um de nós

Os rituais à Pachamama sempre foram cuidados por mulheres. Muitas falavam suavemente com ela ou beijavam a terra, durante o plantio e as colheitas, às vezes, derramando uma oferenda de fubá, coca ou cerveja sobre sua superfície. Em outros períodos, como em casamentos, ela também era honrada por encorajar à fertilidade.

Houve e ainda há muitas formas de honrar, celebrar e conectar com a Mãe Terra. Todas as formas foram e ainda são muito bem-vindas. Tanto em rituais mais complexos e elaborados, até rituais mais tradicionais para o povo que vivem em áreas rurais ou na natureza, mais próximos a ela, até rituais simples e espontâneos para quem vive na cidade mais distante e muitas vezes, sem conseguir vê-la ou tocá-la em toda sua exuberância.

Porém, ela está dentro de nós também e podemos estabelecer essa conexão, respeito e honraria todos os dias. Assim, trabalhamos com Pachamama no macro quando cuidamos do meio ambiente e do impacto na natureza (reciclando, reutilizando e reduzindo), além de viver de forma mais harmônica e respeitosa com a terra e tudo que vem dela e habita sobre ela junto de nós (como as árvores, os animais, os rios e mares etc) e a partir daqui, trabalhar com ela também no micro, que é cuidar do ecossistema que existe em nosso corpo – como nos nutrimos, alimentamos e nos tratamos.

Assim como tratamos a Mãe Terra nós nos tratamos.
Assim como nos tratamos, nós tratamos a Mãe Terra.
Assim como tratamos uns aos outros, nós tratamos a Mãe Terra e todas as relações.

Como você quer ser tratada?
Como você quer tratar a Terra?
O que você deseja deixar para as futuras gerações e qual impacto você causa dia a dia?

Pachamama, para mim, é acima de tudo viver e se relacionar de forma consciente, respeitosa, cooperativa, coletiva e integrada. Ela nos lembra que somos uma grande irmandade que vive na Terra sobre o mesmo solo e que perante ela somos todos iguais.

“Terra, Divina Mãe, que gera todos os seres e cria todas as coisas, cuja influência desperta, acalenta e adormece a natureza. Mãe que fornece a nutrição da vida e a protege com um abraço sustentador. Mãe amorosa que recebe o corpo do homem quando o seu espírito se afasta, chamada com razão a Grande Mãe, fonte de poder de deuses e mortais, indispensável para tudo o que nasce e morre. Senhora, Mãe, Deusa, eu A reverencio e invoco Seu sagrado nome para abençoar a minha vida, lhe agradeço pelas dádivas e por me receber no fim da minha jornada.”
Prece inglesa do século XI

Ana Paula Malagueta

Ana Paula Malagueta

Utiliza diferentes formas, ferramentas e caminhos como o Yoga, Astrologia, Tarot, Danças Circulares, BodyTalk e movimentos em grupos de mulheres para acessar, desenvolver, resgatar e integrar as energias dos Sagrados Feminino e Masculino em nossas vidas.

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